Mulher enjaulada no Chiado? Exposição "simboliza círculo do medo"
- 25/11/2025
Assinala-se, esta terça-feira, dia 25 de novembro, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Tendo em conta esta data, o artista SELF e a apresentadora de televisão e fundadora da associação sem fins lucrativos Corações Com Coroa, Catarina Furtado, uniram-se "para dar vida à intervenção performativa "Sentença Invisível'", na rua Garret, em Lisboa, uma forma de consciencializar as pessoas para a situação de mulheres que são vítimas de violência.
"Num ano em que 24 mulheres já foram assassinadas em contexto de violência doméstica, a instalação - uma jaula com uma mulher presa no interior - simboliza o círculo de medo, dependência e falta de proteção que continua a manter muitas vítimas a viver com os seus agressores", pode ler-se numa nota enviado às redações.
Esta iniciativa contou também com a presença de Francisca Van Dunem, ex-ministra da Justiça, "que participou no momento de reflexão pública sobre a necessidade de uma articulação mais eficaz entre os vários agentes do sistema no combate à violência doméstica, num contexto em que o crime é já considerado público".
Andreia Catarina, "filha da violência doméstica", também participou nesta ação, partilhando "a urgência de uma mudança de paradigma que garanta verdadeira proteção às vítimas, algo que lhe faltou quando era criança".
Durante a intervenção, Catarina Furtado distribuiu pela rua "uma carta aberta com propostas da Corações Com Coroa", tendo como objetivo reforçar a "missão de mobilizar a sociedade e exigir mais poderes legislativos, judicial e social".
A fundadora da Corações Com Coroa saliente que "é preciso fazer mais, exigir mais e proteger mais". "Não podemos continuar a ouvir a voz das mulheres apenas depois de terem sido violentadas", sublinhou.
Por sua vez, o artista SELF referiu que "a instalação "Sentença Invisível" pretende espoletar reflexão sobre o aprisionamento invisível que demasiadas mulheres continuam a viver no espaço que deveria ser o mais seguro: a própria casa".
Veja as imagens na galeria acima.
24 mulheres foram assassinadas em 2025
Pelo menos 24 mulheres foram assassinadas em Portugal este ano até ao dia 15 de novembro, das quais 21 como resultado de violência de género (femicídio), segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).
De acordo com o relatório preliminar apresentado hoje na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), que se baseia em dados publicados pela comunicação social ao longo do ano, das 24 mulheres mortas, dentro dos femicídios houve 16 casos nas relações de intimidade e cinco em contexto familiar, e nos restantes três casos um deveu-se a discussão pontual, outro em contexto familiar e o terceiro em outro contexto.
O documento relata ainda 50 tentativas de assassinato, das quais 40 de femicídio (38 em relações de intimidade e duas em contexto familiar) e 10 tentativas de assassinato (quatro em contexto familiar, quatro em discussão pontual, uma noutro contexto e outra em contexto omisso).
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