Moscovo fez proposta a França sobre cientista francês preso na Rússia
- 25/12/2025
"Houve contactos apropriados entre a nossa parte e os franceses. Com efeito, uma proposta foi feita aos franceses a respeito de Vinatier", disse Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária, na qual participou a Agence France-Presse (AFP).
O porta-voz acrescentou que "a bola está agora do lado da França", escusando-se a dar mais detalhes sobre a proposta, por se tratar de "uma matéria muito sensível".
Contactado pela AFP, o advogado francês de Laurent Vinatier indicou que a família do investigador espera que este "possa ser libertado durante as festas" de fim de ano, até ao Natal ortodoxo, celebrado em 07 de janeiro.
Segundo Frédéric Belot, uma troca de prisioneiros é possível, embora seja necessária "extrema cautela".
"Temos toda a confiança na diplomacia francesa", frisou.
Questionado pela AFP, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês recusou fazer comentários.
O anúncio de uma proposta em relação a Laurent Vinatier, descrito pela AFP como surpreendente, surge depois de Moscovo e Paris terem recentemente manifestado em público interesse num encontro direto entre os Presidentes russo, Vladimir Putin, e francês, Emmanuel Macron, apesar da deterioração das relações entre os dois países.
Em 24 de fevereiro de 2025, um tribunal de recurso de Moscovo manteve uma sentença de três anos para Laurent Vinatier, por não se ter registado como "agente estrangeiro" quando recolhia "informações no domínio das atividades militares" que poderiam ser "utilizadas contra a segurança" da Rússia.
O cientista político especializado no espaço pós-soviético, de 48 anos, tinha sido contratado na Rússia pelo Centro para o Diálogo Humanitário, uma organização não-governamental (ONG) suíça que medeia conflitos fora dos canais diplomáticos oficiais, e está detido desde junho de 2024.
O francês trabalhava há anos no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, incluindo antes da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, e, até ser detido, tinha-se deslocado aos dois países.
Em tribunal, admitiu os factos, mas alegou ignorância e pediu desculpa, esperando obter clemência.
Há anos que a Rússia utiliza o estatuto de "agente estrangeiro" para reprimir os críticos, mas esta é a primeira vez que um estrangeiro é condenado sob esta acusação.
De acordo com a AFP, a investigação a Laurent Vinatier foi prolongada e o cientista político pode enfrentar um novo processo por espionagem, arriscando um agravamento da pena de três anos a que foi condenado.
Leia Também: Rússia condena tentativas dos EUA para desestabilização de Venezuela













