Moçambique registou "avanços significativos" no combate ao VIH/Sida
- 01/12/2025
"Ao longo dos últimos anos, o nosso país registou avanços significativos na prevenção e combate ao HIV/Sida. Contudo, esta epidemia continua a ser um dos maiores desafios de saúde pública que o nosso país enfrenta", disse Benvinda Levi, durante a cerimónia que assinala o Dia Mundial de Luta contra o Sida, em Maputo.
A primeira-ministra moçambicana apontou o reforço das abordagens comunitárias e a proteção no acesso ao Tratamento Antirretroviral (TARV), com dispensa trimestral e semestral, assim como o aumento da testagem como avanços registados no combate ao VIH no país.
"Estas e outras ações permitiram-nos alcançar, até setembro de 2025, os seguintes resultados: 87% das pessoas vivendo com HIV conhecem o seu estado serológico, 95% das pessoas que conhecem o seu estado, estão em tratamento antirretroviral e 91% das pessoas em tratamento estão com carga viral suprimida", referiu a governante.
Os avanços registados mostram o impacto das ações e do investimento feitos pelo Governo em matéria de tratamento universal, descentralização dos serviços e envolvimento comunitário, sublinhou Benvinda Levi, admitindo que ainda persistem alguns desafios, entre os quais a cobertura de testagem nas províncias com maior incidência da doença.
"O Governo de Moçambique reafirma o seu compromisso em continuar a aprimorar políticas e ações no que concerne a prevenção, reforço dos cuidados e tratamento, proteção dos mais vulneráveis e governação multissectorial eficiente", disse Levi, apelando para o engajamento de todos para acabar com o VIH/Sida como uma ameaça de saúde pública até 2030.
Segundo a governante, Moçambique vive ainda o impacto profundo do VIH/Sida sobretudo em "populações-chave" que precisam de maior proteção e solidariedade nacional, estando associado a fatores estruturais como desigualdades, violência baseada no género, pobreza e mobilidade populacional.
"A par disso, o nosso sistema nacional de saúde enfrentou vários desafios que impactaram na resposta ao VIH/Sida, relacionados com a redução da procura de serviços essenciais, interrupção das cadeias logísticas, das campanhas de prevenção e de testagem devido à pandemia da covid-19, assim como a ocorrência de eventos climáticos extremos, de entre outros fatores", explicou Levi.
Pelo menos 116.043 moçambicanos com VIH iniciaram tratamento antirretroviral no primeiro semestre, incluindo 5.830 crianças, segundo informação do Gabinete Parlamentar de Prevenção e Combate ao VIH/Sida, apresentada na quinta-feira na Assembleia da República.
Segundo este gabinete, a cobertura geral do TARV em relação à pessoa vivendo com VIH até junho deste ano foi de 82%, abrangendo mais de dois milhões de pessoas, sendo pouco mais de 97 mil em crianças de 0 a 14 anos, pouco mais de 116 mil em adolescentes dos 10 aos 19 anos e mais de 1,9 milhões em adultos que estavam já em tratamento.
Moçambique é o terceiro país no mundo com mais pessoas com VIH e o segundo em termos de novas infeções, com prevalência de 12,5% em adultos com mais de 15 anos, sendo mais alta em mulheres (15%) do que em homens (9,5%), segundo dados divulgados recentemente, que estimam em 2,3 a 2,6 milhões o número de pessoas a viver com VIH, incluindo 125.000 a 170.000 crianças.
O número de mortes por VIH/Sida em Moçambique manteve-se em cerca de 44.000 em 2024, segundo dados oficiais divulgados em 13 de novembro e que estimam ainda 92 mil novas infeções, caindo para quase metade em 15 anos.
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