"Milagre de Natal". Cão regressa a casa cinco anos depois de desaparecer
- 13/12/2025
É um milagre de Natal moderno… Cinco anos depois de desaparecer do seu lar, Choco regressou a casa e aos braços de uma dona que diz nunca ter deixado de pensar nele.
Choco é uma mistura entre Dachshund e Griffon de Aponte de pêlo duro e foi adotado por Patricia Orozco em 2016 num canil local em Sacramento, na Califórnia, Estados Unidos. O cão sempre foi doce e calmo, mas tinha uma vontade inata para explorar, contou Orozco, confessando que Choco chegou a fugir algumas vezes, mas regressou sempre a casa.
"Ele era basicamente como o Forrest Gump, mas na versão canina", comparou, referindo-se ao famoso filme do mesmo nome que chegou ao grande ecrã em 1994.
Os vizinhos já sabiam que Choco tendia a vaguear um pouco em demasia e, por isso, mantinham-se atentos às fugas sorrateiras caninas - e a própria Patricia reforçou a cerca à volta da sua propriedade para garantir a segurança de Choco. Até que um dia, em maio de 2021, o cão conseguiu escapar e não regressou.
"Ainda hoje não sei como é que ele saiu", disse Orozco, que distribuiu panfletos com a fotografia do animal e contactou os abrigos locais - mas sem sucesso. "Eu estava extremamente preocupada", mas, meses depois, Choco continuava sem dar sinais de vida.
"Foi como fazer o luto para mim", acrescentou ao The Washington Post. "Desde aí, nunca mais tive um cão", confessou, dizendo, no entanto, que continuava a "falar sobre ele constantemente".
"Questionava-me sobre como é que ele estaria; perguntava-me onde estaria… Quando tens um animal de estimação que desaparece tudo te passa pela cabeça: Ele está vivo? Está a ser bem tratado?"
Choco no veterinário depois de ser enccontrado© Helping Paws and Claws/Facebook
Choco foi encontrado literalmente do outro lado do país
Ninguém sabe ao certo a resposta para esta última questão de Patricia, apenas que o animal foi encontrado acorrentado a uma cerca de um abrigo em Lincoln, Michigan - literalmente do outro lado do país - a mais de 3.700 quilómetros de distância.
Quando os funcionários do abrigo descobriram o animal, uma das primeiras coisas que fizeram foi ver se o cão tinha um chip que o identificasse - e lá estava o pequeno dispositivo. Com essas informações, o abrigo conseguiu contactar Patricia, que se apressou a enviar fotos do Choco para confirmar que era a dona legítima do animal, agora com 11 anos.
Inicialmente, Orozco achou que o seu cão tinha sido encontrado em Lincoln, na Califórnia, a cerca de 50 quilómetros de onde vive, só no final da chamada com o abrigo é que se apercebeu que Choco, de alguma forma, tinha ido parar ao outro lado do país.
"Nessa altura, eu simplesmente senti o meu coração bater no chão", recordou, explicando que é mãe de duas crianças, uma delas com apenas quatro meses, o que tornava quase impossível uma viagem tão longa.
Patricia decidiu fazer uma publicação no Facebook a pedir conselhos sobre o que fazer nesta situação e Cindy Walden, um membro da direção da associação sem fins lucrativos, Helping Paws and Claws, sediada na Califórnia viu a partilha.
"Nós enviámos-lhe mensagem e dissemos-lhe que a íamos ajudar a trazer o seu cão de volta a casa", contou Walden.
Numa fase inicial, a associação ponderou comprar o bilhete de avião e ir diretamente buscar Choco, mas os preços estavam demasiado altos. Por isso, foi feita uma nova publicação, desta vez pela Helping Paws and Claws, onde pediam donativos para unir cão e dona de novo. Choco, sendo um cão pequeno, nem precisava de pagar taxa adicional, dado que caberia por baixo do assento na aeronave.
Membro da comunidade voluntariou-se para ir buscar Choco
Mais uma vez, a publicação chegou às pessoas certas. Neste caso, foi Penny Scott quem viu a partilha e contactou Walden, dizendo-lhe que o filho trabalhava numa companhia aérea e que, por isso, tinha acesso a bilhetes standby (uma espécie de lista de espera para um voo, no caso de um lugar ficar disponível após o embarque dos passageiros confirmados).
Penny ofereceu-se para dar um destes bilhetes a Patricia, mas rapidamente percebeu que a dona de Choco não conseguia fazer a viagem devido às suas crianças.
"De repente, eu disse: 'bem, talvez deva ir eu'", afirmou Penny que, com a ajuda de um outro membro da comunidade (que doou as milhas que tinha com as companhias aéreas, através do programa Airline Miles), conseguiu cobrir o preço total do bilhete de avião, sem ter que optar por um standby.
Penny Scott à esquerda e Pam à direita, que doou as milhas para o voo© Helping Paws and Claws/Facebook
No dia 2 de dezembro, Penny saiu de Sacramento, fez escala em Denver, e chegou a Detroit onde Choco estava à sua espera. Daí, voaram os dois para Chicago, onde um atraso fez com que perdessem o voo de ligação de volta para Sacramento. Penny e Choco ficaram cerca de 14 horas à espera no Aeroporto Internacional Chicago O’Hare à espera de um novo avião.
"Este cão foi incrível: nunca ganiu, nunca rosnou a ninguém. Eu andei com ele pelo aeroporto numa trela o tempo todo", recordou Penny.
A 3 de dezembro, a dupla aterrou, por fim, em Sacramento, onde Walden já estava à sua espera de carro, para os levar até à casa de Orozco - a mesma de que Choco fugiu.
"Assim que saímos do carro, eu pu-lo no chão e ele foi a correr ter com ela. Ele queria ir para casa", contou Penny.
Patricia Orozco e Choco© Helping Paws and Claws/Facebook
"Foi 'preciso uma aldeia', mas correu tudo bem", acrescentou Walden.
"Isto é um verdadeiro milagre de Natal", atirou Orozco que, apesar de saber que Choco estava a caminho, mesmo assim não conseguiu acreditar nos seus olhos quando ele chegou. "Eu só pensava: 'Alguém me pode beliscar?' Estava em choque."
A cerca à volta da propriedade de Patricia foi reforçada e tem agora até um segundo portão trancado. Walden fez questão de inspecionar a zona para ter a certeza de que, desta vez, Choco não consegue voltar a escapar.
Mas o cão também já não é o mesmo: a idade também já pesa no animal de 11 anos, que acalmou com o tempo.
A personalidade, no entanto, permanece igual: "Ele continua a ser o mesmo cão amoroso, carente e que quer sempre estar em cima de ti", brincou.
Da esquerda, Nic Thompson (presidente da Helping Paws and Claws), Cindy Walden, Patricia Orozco e Penny Scott© Helping Paws and Claws/Facebook
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