Marques Mendes e Catarina Martins: "Perigo" e "instabilidade"? O debate
- 12/12/2025
Num frente a frente transmitido na RTP, o primeiro tema abordado pelos dois candidatos foi o pacote laboral apresentado pelo Governo, um dia a seguir à greve geral convocada pela UGT e CGTP, com Catarina Martins a argumentar que o executivo se colocou num "beco sem saída", "está nas mãos do Chega" e deve retirar a proposta, antes de lançar um desafio a Marques Mendes: "Ouvi dizer que tem reservas sobre este pacote laboral, o que é que mudava?".
Na resposta, o candidato presidencial apoiado pelo PSD e CDS disse não querer pronunciar-se sobre o que mudava em concreto na lei por considerar que quem tenciona verdadeiramente ser Presidente da República "não deve intrometer-se numa negociação", antes de deixar uma 'farpa' a Catarina Martins.
"Ninguém sabe numa eleição quem ganha ou quem perde - temos de ser humildes a esse respeito - mas, do ponto de vista das probabilidades, não é provável que a Catarina Martins seja eleita Presidente da República e há algum grau de probabilidade de eu ser eleito", afirmou.
Depois, Marques Mendes deixou duas sugestões para procurar ajudar a "desbloquear" as negociações entre o Governo e sindicatos sobre o pacote laboral, defendendo que o acordo deve ser mais amplo e incluir matérias como os salários, política de rendimentos e eventualmente fiscal e formação profissional, e deve-se estabelecer como seriam utilizados os ganhos de produtividade que fossem alcançados.
Sem querer pronunciar-se sobre estas sugestões de Marques Mendes, Catarina Martins defendeu que a questão do pacote laboral "é uma questão de regime", porque cria "uma fragilização muito grande" para os trabalhadores, e, como tal, os candidatos presidenciais devem ter uma postura clara sobre o tema, antes de questionar a autonomia de Marques Mendes perante o atual executivo.
"Eu acho que é um perigo a eleição de um Presidente da República - e não tem a ver necessariamente com o alinhamento partidário, tem a ver com o alinhamento de aspeto ideológico mais amplo -, muito alinhado com o Governo e que, ao mesmo tempo, é pouco claro sobre o que fará no caso de o Governo querer impor o que está a querer impor, que é uma baixa generalizada de salários", acusou.
Após ouvir estas críticas, Marques Mendes pediu a Catarina Martins para se deixar de "falsos moralismos e de superioridades morais", argumentando que todos querem o melhor para o país, e defendeu que é o candidato da "estabilidade e ambição", recuando ao chumbo do Orçamento do Estado em 2021, que ditou o fim da 'geringonça' e levou à queda de um Governo de António Costa, para acusar Catarina Martins de provocar instabilidade.
"A Catarina Martins, em 2022, provocou uma crise política, lançado o país na instabilidade. (...) Por isso é que alguém que quer ser Presidente da República, tem aqui uma pedra no sapato que é inultrapassável. Pode falar de estabilidade, mas no momento próprio provocou a crise e a instabilidade", acusou.
Os dois candidatos abordaram depois a questão da imigração, divergindo ambos sobre a medida do Governo de uma "via verde" para a imigração - com Marques Mendes a pedir que se dê tempo para avaliar a sua eficácia e Catarina Martins a considerar que falhou -, passando depois à questão da saúde, com Marques Mendes a recuar novamente ao período da 'geringonça' para criticar a adversária.
"A Catarina Martins foi suporte político de um Governo que acabou com uma experiência que corria bem em Portugal: as parcerias público-privadas", criticou.
Catarina Martins utilizou o tema das pensões para voltar a questionar a independência de Marques Mendes, frisando que a comissária europeia Maria Luís Albuquerque tem um projeto para que "parte das pensões vá automaticamente para fundos privados".
"E quando chegar a Portugal a decisão de como é que nós vamos encarar estas recomendações europeias, acho que é preciso ter uma Presidente da República com completa autonomia face ao Governo e que assuma a responsabilidade de proteger as pensões", defendeu.
[Notícia atualizada às 22h56]
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