Maria Corina divulga bases para um governo de transição na Venezuela
- 18/11/2025
A posição foi divulgada depois de, no sábado, Maria Corina Machado ter pedido aos funcionários públicos da Venezuela que "baixem as armas" e acompanhem "a liberdade" do país, num contexto de crescentes tensões com os Estados Unidos, que enviaram barcos de guerra para as Caraíbas, para combater o tráfico de droga.
No documento, a opositora começa por defender que "os venezuelanos corajosos" têm "o dever sagrado" de se "levantarem quando as suas vozes são silenciadas, a dignidade negada e a liberdade acorrentada pela tirania".
"Não apelamos ao poder nem ao privilégio, mas aos direitos eternos que foram concedidos a todos os seres humanos (...). Nenhum governante, fação ou força tirânica pode ditar o que é nosso por direito: a liberdade", afirma.
A partir da clandestinidade, a opositora fala de uma nova Venezuela e que a soberania popular e nacional é inalienável.
"A liberdade deve ser defendida todos os dias", afirma.
"Vamos reconstruir uma sociedade livre, na qual o governo sirva os seus cidadãos e o objetivo supremo do Estado seja salvaguardar os direitos naturais de todos (...). Chegou a hora de cada família venezuelana voltar a estar unida, para sempre, na sua própria terra", afirma, sublinhando que o manifesto proclama "os princípios irrenunciáveis que regerão o país após a queda de Nicolás Maduro".
A opositora define quatro eixos fundamentais, entre eles o direito de votar e declara as urnas eleitorais como de "defesa sagrada do povo", exigindo eleições limpas, verificáveis e sem manipulação.
"O voto é a nossa voz coletiva; ninguém voltará a roubar a nossa vontade", sublinha.
No segundo eixo, a liberdade de reunião, reivindica as ruas como espaço do povo e não do poder.
"A manifestação pacífica fortalece o país. Em breve, marcharemos sem medo e hastearemos juntos a bandeira da esperança", afirma, sublinhando que o renascimento começa com encontros livres e manifestações cívicas.
A opositora defende ainda o eixo da segurança e defesa legítima, do qual faz parte uma reforma total das forças armadas e policiais "para que cumpram o seu dever constitucional de proteger a população".
"Nenhuma sociedade democrática perdura se os seus cidadãos não resistirem à opressão ou à violência", afirma, ao mesmo tempo que promete restaurar a confiança entre o Estado e o povo.
No quarto eixo, o do "regresso a casa", Maria Corina Machado, evoca "o êxodo forçado de nove milhões de venezuelanos" e promete restaurar a liberdade para regressar.
O manifesto faz ainda referência à realização de julgamentos a responsáveis por torturas, desaparecimentos e presos políticos.
Também aborda questões relacionadas com a educação, a recuperação da economia, com direito à propriedade privada e em que seja recuperado o que foi roubado.
"Vamos despertar uma economia capaz de triplicar a sua força numa década, libertando as empresas estatais e devolvendo a exploração dos nossos setores petrolífero e gasífero à criatividade de homens e mulheres livres", sublinha.
A riqueza da Venezuela, acrescenta, "nunca mais voltará a concentrar-se nas mãos de um só poder centralizado", alegando que o país será líder do hemisfério ocidental, o principal centro energético do mundo.
Maria Corina faz ainda referência à catástrofe moral e ambiental da destruição da Amazónia venezuelana e a necessidade de proteger a terra e as suas riquezas naturais.
"Tornar-nos-emos um pilar da segurança democrática e energética no hemisfério ocidental e um promotor inabalável da liberdade no mundo", afirma.
Para a opositora, o manifesto não é um plano de governo, "é uma declaração de guerra civilizada à tirania e a certidão de nascimento da Venezuela livre". emitida em "novembro de 2025", "o mês em que começa o fim".
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