Marcelo tentou travar candidatura do almirante? "É problema do passado"
- 10/11/2025
O candidato à Presidência da República Henrique Gouveia e Melo reiterou, esta segunda-feira, que é falso que um alegado travão de Marcelo Rebelo de Sousa à sua candidatura o tenha motivado a entrar na corrida a Belém.
Em causa está uma notícia da Lusa que se baseia em excertos do livro "Gouveia e Melo - As Razões", uma entrevista conduzida pela jornalista e diretora-adjunta do Diário de Notícias, Valentina Marcelino. A Lusa noticia que o momento em que o ex-chefe da Marinha decidiu concorrer às presidenciais foi quando soube que Marcelo tentou travar a candidatura, mas Gouveia e Melo acusa a Lusa de ter feito uma notícia falsa, pois a motivação tinha sido outra.
Nessa entrevista [pode ler o excerto do livro aqui], o almirante revela que decidiu avançar para Belém, quando leu uma notícia no Expresso, cujo título era: "Almirante quer mais dois submarinos para ficar na Armada e desistir de Belém".
"Saiu uma notícia que alegava que o senhor Presidente teve um papel decisivo na minha decisão e isso não é verdade", afirmou o almirante na Grande Entrevista da RTP, referindo-se ao artigo publicado pela agência Lusa, no domingo, dia 9 de novembro, intitulado "Presidenciais: Gouveia e Melo revela que foi tentativa de Marcelo para o travar que o levou a candidatar-se".
"Essa notícia é baseada num livro que foi escrito, um livro de entrevistas, e não há nada como verificar a entrevista em si. Nessa entrevista não digo isso e portanto é uma falsa alegação que me foi atribuída", reforçou.
Questionado, esta noite, se tem, ou teve a convicção de que Marcelo Rebelo de Sousa tentou impedir a sua candidatura de alguma forma, Gouveia e Melo respondeu que, para si, essa convicção é "política pequena". "Não foi essa convicção que me fez decidir para um lado ou para o outro, e esse problema é um problema, para mim, do passado. O que me interessa são os problemas do futuro", disse o almirante.
Ainda sobre a entrevista do livro, Gouveia e Melo esclareceu que a sua resposta sobre o que o motivou a candidatar-se "não tem que ver com o conteúdo do artigo. Tem que ver com o título". "Porque o título indiciava que eu estava a fazer chantagem com o Governo e isso era uma coisa muito feia que me atribuíram e que eu não gostei", explicou, aludindo à notícia do Expresso, que tinha como título "Almirante quer mais dois submarinos para ficar na Armada e desistir de Belém".
"Nesse momento achei que não tinha também condições para continuar a exercer as minhas funções de forma normal dentro da Defesa, porque atribuírem ao chefe militar que está a fazer chantagem com o Governo para continuar nas Forças Armadas, julgo que é uma coisa muito grave que não podia ser passado incólume", acrescentou.
Foi nesse sentido, defendeu, que usou a expressão "danado": "Deixou-me revoltado, essencialmente revoltado", frisou.
Confrontado com a citação do primeiro parágrafo do artigo do Expresso de 2024, Gouveia e Melo pegou nas últimas três palavras dessa frase: "apurou o Expresso". "Mas apurou o Expresso aonde e de quem?", questionou. "Essas declarações são minhas? Não são", afirmou perentoriamente.
O próprio Presidente da República já se pronunciou também sobre o assunto, negando ter dado qualquer entrevista onde tivesse dado a sua opinião sobre a candidatura de Gouveia e Melo a Belém.
"Não há nenhuma entrevista. Com palavras minhas, pronunciando-me sobre quem é chefe, quem não é, quem deve ou não ser chefe das Forças Armadas e pronunciando-me sobre quem deve ser ou não candidato presidencial", garantiu também no domingo.
Ao que Gouveia e Melo comentou: "O Expresso que esclareça isso com o senhor Presidente da República. Não fui eu que fiz o artigo. Não fui eu que aleguei que o senhor Presidente da República tivesse dito isso".
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