Mais lidas em Cultura: Ataque n'A Barraca, Eurovisão e Brasil nos Óscares
- 31/12/2025
Com o ano prestes a fechar, está na hora de recordar os momentos sonantes no que à Cultura diz respeito. Desde o ataque ao ator Adérito Lopes, no Teatro A Barraca, em Lisboa, à (polémica) participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção - tanto este ano, como no próximo -, passando pela prestação histórica do Brasil nos Óscares, fique com os artigos de Cultura mais lidos pelos leitores do Notícias ao Minuto em 2025.
Este ano ficou marcado pelas agressões ao ator Adérito Lopes, junto ao Teatro A Barraca, em Lisboa, no Dia de Portugal. Adérito Lopes foi atacado por um grupo de extrema-direita quando se preparava para entrar no espaço cultural, onde estava em cena o espetáculo "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões. Contudo, e face à "onda de apoio à política de ódio e violência", que os democratas "imaginaram extinta", a companhia decidiu repor a peça "O príncipe de Spandau", que se centra em Rudolph Hess (1894-1987), o homem de confiança de Hitler no Partido Nazi, desde a sua condenação no Tribunal de Nuremberga até à sua morte na prisão de Spandau.
O Festival Eurovisão da Canção esteve, de igual modo, no centro do debate, em grande parte devido à decisão da Assembleia-Geral da União Europeia de Radiodifusão (UER), que confirmou que Israel poderá participar no certame do próximo ano. Cinco países - Espanha, Países Baixos, Irlanda, Eslovénia e Islândia - despediram-se do concurso, enquanto Portugal fez finca-pé. Ainda assim, 13 dos 16 artistas e bandas que pisarão o palco do Festival da Canção em solo nacional adiantaram que, caso vençam, não participarão no certame. Foi, inclusive, lançada uma petição pela "retirada imediata de Portugal" do concurso que, a 31 de dezembro, conta com a assinatura de 27.579 pessoas. Mas, recorde-se, a final do 69.º Festival Eurovisão da Canção foi disputada em Basileia, na Suíça, por 26 países. Áustria foi a grande vencedora, com 436 pontos, ao passo que Portugal, representado pelos Napa, ficou na 21.ª posição.
A 97.ª edição dos Óscares também deu que falar. "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, levou a língua portuguesa aos distinguidos, ao conquistar o Óscar de Melhor Filme Internacional. No entanto, o grande vencedor da noite foi o filme "Anora", que arrecadou cinco Óscares: Melhor Atriz, Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Edição e Melhor Argumento Original.
Outro momento alto a destacar prendeu-se com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura que, este ano, distinguiu o escritor húngaro László Krasznahorkai. Trata-se do segundo autor da Hungria a ser galardoado, depois de Imre Kertész (1924-2016), que o recebeu em 2002. O júri da Academia Sueca, que outorga o prémio, justificou a escolha de László Krasznahorkai "pela sua obra convincente e visionária que, no meio do terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".
E entrevistas? Recorde-as aqui
Cabe-nos ainda realçar entrevistas concedidas pelas mais variadas personalidades do mundo cultural ao Notícias ao Minuto. Começamos por Afonso Cruz, que nos falou sobre a obra "O que a Chama Iluminou". "Leme", de Madalena Sá Fernandes, chegou ao Brasil em 2025, o que motivou a conversa que poderá ler aqui. Também Hugo Gonçalves lançou um novo livro. Se "Filho da mãe" aborda o luto precoce e cru de uma criança que, aos oito anos, se viu confrontada com a morte da mãe, "Filho do pai" revisita a vida - e a masculinidade - do pai e do avô, que se entrelaça na do autor, dando azo a uma meditação do que significa ser homem e pai nos dias de hoje. "Educação da Tristeza", de valter hugo mãe, nasceu nada mais, nada menos do que da morte. Ainda que tenha confessado preferir não ter "motivos para escrever tal coisa", a transformação do luto do galardoado autor em literatura foi-lhe imposta "pelas circunstâncias": a morte do sobrinho, Eduardo, e da artista plástica Isabel Lhano, "a pessoa eventualmente com quem mais [conversou] a vida inteira". É a eles que a obra é dedicada. O Notícias ao Minuto falou também com Mariana Salomão Carrara, cujo romance "Não fossem as sílabas do sábado" nos transporta para uma história sobre luto, maternidade, saúde mental e amizade entre mulheres.
Numa altura em que se assinalaram 25 anos desde o lançamento de "Não Há Coincidências", Margarida Rebelo Pinto voltou a conceder protagonismo à geração X. Contudo, a solidão e as ambições falhadas foram, agora, temas centrais, explorados em "A Grande Ilusão". Já Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada publicaram, este ano, o 68.º livro da coleção "Uma Aventura": "Uma Aventura na Curva do Rio". Por seu turno, o romance de estreia de Susana Amaro Velho recebeu uma nova vida, em setembro passado. Porém, "a essência da narrativa" de "As Últimas Linhas Destas Mãos" continua intacta, tal como contou a autora ao Notícias ao Minuto. Numa outra conversa, Lisa Ridzén falou-nos do seu romance de estreia, "Quando as Aves Voam para Sul", que teve por base as notas deixadas pela equipa de cuidados domiciliários do seu avô. Aos 90 anos, Helena Sacadura Cabral publicou o seu primeiro livro infantil, "Mãos Pequenas, Coração Grande", uma história sobre a importância da ternura, da empatia e do cuidado pelo outro, que conta com ilustrações de Carolina Branco. Por fim, "Neblina", o primeiro romance de Ângelo Fernandes, vencedor em 2004 do Prémio Nacional de Escrita Para Teatro e fundador da "Quebrar o Silêncio", a primeira associação portuguesa de apoio a homens e rapazes sobreviventes de violência sexual, reflete mais de 20 décadas de experiência de escrita e de muitos anos de trabalho com vítimas de abuso sexual - entre as quais Ângelo se inclui.
Importa ainda mencionar a entrevista a David Moreira, que pretendia, com o livro "A Mais Breve História do Ultramar", "abrir a porta" sobre a Guerra Colonial "a leigos", assim como de Júlio Machado Vaz, que fez várias reflexões sobre o envelhecimento, sempre com o humor que lhe é característico, na obra "Outonocer". Já Nelson Nunes regressou às livrarias com "De Onde Vem este Cansaço?", um "manifesto de um combate à era da pressa e convite aos leitores para pensarem nas microagressões" a que são constantemente sujeitos. Quem também regressou foi o humorista e ator Gregório Duvivier, que apresentou a peça "O Céu da Língua" em várias cidades portuguesas, além de Capicua, que voltou aos álbuns com "Um Gelado Antes do Fim do Mundo", um disco que "pretende resgatar um olhar poético sobre a realidade". Por último, mas não menos importante, o rapper Harold lançou o seu mais recente álbum, "O Último Malmequer", no qual procurou "falar de sentimentos sem preconceitos, de uma forma vulnerável e aberta".
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