Mãe que envenenou filhas em França condenada a 30 anos. Uma morreu
- 03/12/2025
Uma mulher de 53 anos foi condenada, esta quarta-feira, a 30 anos de prisão por envenenar as duas filhas com doses elevadas de medicamentos, em Dax, no sudoeste de França. Uma das filhas acabou por morrer em 2019, com apenas 18 anos.
A decisão do Tribunal de Justiça de Landes vai de acordo com o que foi pedido esta manhã pelo Ministério Público francês, que considerou que os "atos são particularmente graves", tendo sido "cometidos primeiro contra Enea [que morreu de overdose de medicamentos] e depois contra a sua irmã Luan".
A pena inclui um período mínimo obrigatório de 20 anos, superior aos 15 anos pedidos pelo Ministério Público, segundo o jornal francês Le Figaro.
O tribunal de júri justificou a decisão com a "gravidade dos factos, a morte de Enea, a sua duração, os métodos utilizados e os danos causados".
Enea, de 18 anos, morreu depois de ter sofrido uma convulsão a 13 de novembro de 2019, na casa da família em Dax. A jovem não frequentava a escola há mais de um ano e estava a receber tratamento para problemas do foro psicológico.
A autópsia revelou que Enea tinha ingerido propranolol, um betabloqueador que diminui a atividade cardíaca, numa dose "dez vezes maior do que a dose terapêutica".
Segundo a acusação, a mãe, Maylis Daubon, levou a adolescente a mais de 30 médicos e dava-lhe substâncias "provavelmente letais" desde o início de 2018.
Em tribunal, um especialista em toxicologia explicou que o excesso de medicação colocou Enea num estado de "vulnerabilidade química", o que pode ter levado à abolição do seu livre-arbítrio.
Uma busca à casa revelou comprimidos de propranolol no quarto da mãe, escondidos numa embalagem de supositório, assim como no armário de porcelana da sala de estar.
Medicamentos encontrados na habitação de Maylis Daubon© Gaizka IROZ / AFP via Getty Images
Apesar das provas, a mãe negou sempre os crimes. "Sou acusada de atos horríveis" que "nada no mundo me poderia ter levado a cometer", insistiu Maylis Daubon durante o seu julgamento, no qual o seu "teatralismo", "vitimização" e "mentira patológica" foram destacados em tribunal.
Ainda assim, reconheceu: "Sou uma mãe problemática, eu sei disso".
A mulher defendeu até ao fim que a filha mais velha colocou termo à própria vida, mas o procurador Marc Bourragué afirmou que "nada sustenta a sua teoria".
As acusações contra Maylis Daubon intensificaram-se em 2023, após exames feitos à filha mais nova terem revelado uma ingestão significativa de um antidepressivo destinado a adultos.
Em tribunal, Luan, atualmente com 22 anos, defendeu a inocência da mãe e falou sobre a sua "infância feliz", mas "complicada" devido ao divórcio dos pais e à violência do pai, Yannick Reverdy.
Reverdy é um antigo jogador da seleção francesa de andebol e divorciou-se de Maylis Daubon em 2009, perdendo o contacto com as filhas. Agora, acredita que a ex-mulher usou as jovens como "instrumentos de vingança".
Uma psicóloga defendeu a possibilidade de a mãe sofrer de "síndrome de Munchausen por procuração", que leva um dos pais a exagerar ou provocar problemas de saúde graves nos filhos para atrair atenção ou compaixão para si.
Além de envenenar Enea e Luan, Maylis Daubon é também suspeita de ter planeado o homicídio do ex-marido, subornando outras reclusas na prisão de Pau.














