Mãe de menino morto em Tomar confessa: "Queria que me tivesse levado"
- 27/12/2025
A mãe do menino de 13 anos que foi assassinado pelo seu ex-companheiro, no dia 23 de dezembro, na aldeia de Casais, em Tomar, confessou desejar que o agressor também a "tivesse levado", uma vez que o seu "mundo acabou no dia" em que o filho morreu.
"Foi-me tirado de forma tão injusta e cruel por aquele monstro – demasiado cedo, quando ainda tinha tanto para viver, tanto para dar ao mundo. Sinto tanta falta dele, que dói respirar", confessou Rachel Reeves, citada pelo The Telegraph.
A mãe de Alfie Hallett, que foi assassinado por Gonçalo Carvalho, de 43 anos, admitiu ainda que o seu "mundo acabou no dia" da morte do filho.
"Quem me dera que também me tivesse levado, porque o meu mundo acabou no dia em que o perdi. O meu coração está partido, destroçado, e não sei como vou conseguir superar isto. Só espero, do fundo da minha alma, que o Alfie soubesse o quanto era amado – por mim, acima de tudo, com cada fibra do meu ser. Era tudo para mim, a minha razão de viver", complementou.
Assassino já tinha cumprido pena por outro homicídio
As autoridades acreditam que o homicida, que esfaqueou Alfie fatalmente depois de agredir Rachel, usou a mesma faca para provocar ferimentos autoinfligidos, antes de se barricar e fazer explodir a casa onde os crimes ocorreram. A mãe do menino, que tinha sido espancada e tinha as mãos e os pés atacados, conseguiu escapar e alertar os vizinhos.
Gonçalo Carvalho, que já tinha sido denunciado pela ex-parceira por violência doméstica, também já tinha cumprido pena por homicídio. Em 2002, o homem matou um traficante, cego, com 37 golpes de faca, de acordo com o Jornal de Notícias. Foi, depois, libertado antecipadamente, por bom comportamento.
Ainda que Gonçalo e Rachel estivessem separados, terão sido vistos a fazer compras juntos num supermercado, na semana passada. Um vizinho, que pediu para não ser identificado, disse à imprensa britânica que o agressor passava "quase todas as noites" a dormir no seu carro, em frente à casa, numa aparente tentativa de "controlar a vida da mulher e da criança".
"Gosto de pensar que o Mark e o Alfie estão reunidos novamente em algum lugar"
Linda Hallett, avó paterna de Alfie, admitiu à imprensa britânica acreditar que o neto, que era "um menino adorável e gentil, com um coração de ouro", morreu ao tentar proteger a mãe.
Alfie nasceu em Brighton, no Reino Unido, e cresceu na cidade vizinha Bognor Regis, em West Sussex, antes de a mãe se separar do filho de Linda, Mark. Em 2016, Rachel mudou-se para Tomar com Paulo, seu companheiro da altura, quando o menino tinha quatro anos.
Desde 2018 que Linda não via o neto, com quem perdeu contacto ao longo dos anos. De acordo com a mulher, Rachel não informou o filho que ia sair do Reino Unido, tampouco para onde ia.
"Só quando ela se separou do Paulo é que ele descobriu onde é que o Alfie estava. O Paulo entrou em contacto comigo nas redes sociais, em 2018, e disse-me onde é que eles estavam a viver. O Mark voou para Portugal naquele dezembro e obteve permissão dos tribunais portugueses para contactar o Alfie e a mãe dele, e trouxe o filho de volta [ao Reino Unido], para o Natal", relatou.
A mulher, que assegurou que Mark "mimou Alfie à grande" durante aquelas duas semanas, deu conta de que a família não voltou a reunir-se, apesar de Mark ter tentado. Contudo, o homem falava com Alfie regularmente por videochamada.
Em fevereiro, Mark morreu na sequência de um episódio de sépsis. "Gosto de pensar que o Mark e o Alfie estão reunidos novamente em algum lugar. Mas, de certa forma, estou aliviada por o meu filho não ter estado aqui quando o Alfie morreu. Creio que teria achado a dor insuportável", disse.
"Sorriso e memória permanecerão vivos nos nossos corações"
Acumulam-se os tributos à memória de Alfie. Depois da secção de basquetebol do Sport Club Operário de Cem Soldos (SCOCS), que assinalou que o menino "fez o seu último jogo no sábado", no qual "jogou tão bem, [que] parecia que sabia que era o último jogo dele", o Chamusca Basket Clube, que enfrentou a equipa do adolescente, também manifestou as suas "sinceras condolências".
"É com profundo pesar que manifestamos as nossas sinceras condolências pelo falecimento do menino Alfie Hallet, que amava jogar basquetebol pelo Sport Operário Cem Soldos/Tomar e [que] de forma trágica nos deixou. Neste momento de dor, expressamos a nossa solidariedade aos familiares, amigos e a todos aqueles que partilham desta perda irreparável. Que encontrem conforto nas boas memórias e força para enfrentar este momento difícil. Nas nossas memórias fica o jogo do passado sábado aqui na Chamusca Basket Clube", escreveu, nas redes sociais.
Entretanto, na sexta-feira, o Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria endereçou "força, união e serenidade" aos entes queridos de Alfie, cujo "sorriso e memória permanecerão vivos nos nossos corações".
"É com profunda consternação e sincero pesar que o Agrupamento Nuno de Santa Maria tomou conhecido do falecimento do nosso aluno Alfie Hallett, aluno da Escola D. Nuno Álvares Pereira. Neste momento de luto e dor, a Direção, em nome de toda a comunidade educativa, expressa as suas mais sentidas condolências à família e amigos", lê-se ainda.
"Rachel trabalhou arduamente para sustentar o seu único filho"
Os amigos de Rachel lançaram uma angariação de fundos, através da plataforma GoFundMe, por forma a "aliviar as preocupações financeiras do funeral do seu precioso filho", assim como a providenciar-lhe "os meios para ter uma pausa enquanto lida com este choque e com a devastação do seu mundo".
James McDowell, que partilhou o apelo nas redes sociais, apontou que "a luz de Alfie foi extinta pelo que só pode ser descrito como o ato cruel de um monstro".
"Há uns dias, uma das minhas amigas mais próximas perdeu o seu lindo filho nas circunstâncias mais traumáticas e trágicas. Talvez tenham visto esta triste história nos meios de comunicação social", começou por escrever.
O homem assinalou que todos estão "de coração partido pela perda de Alfie, que era uma luz brilhante na vida da sua mãe, Rachel". "Ela tinha construído uma bela vida para ambos em Portugal e Alfie estava a prosperar em todas as áreas da sua vida. Este deveria de ter sido o seu 'felizes para sempre'", lamentou.
"Naturalmente, não há palavras para resumir a sensação de perda que se abateu sobre Rachel e a sua família. Neste momento, a única coisa que se pode fazer é ajudar e apoiar Rachel a despedir-se adequadamente do seu filho e a dedicar algum tempo a descobrir como dar um passo em frente. Como pai, não consigo compreender de onde se pode tirar essa força", rematou.
Até ao momento, foram angariados 6.511 euros, de uma meta de 11 mil euros.
Homem que matou enteado já tinha estado preso por homicídio. Que se sabe?
Um homem matou o enteado, de 13 anos, em Tomar, tendo ainda provocado uma pequena explosão na casa da família, onde acabou por morrer. A companheira e um militar da GNR ficaram feridos. Sabe-se ainda que, em 2023, a mulher já havia apresentado uma denúncia por violência doméstica. O suspeito já tinha cumprido pena por homicídio qualificado.
Notícias ao Minuto | 08:39 - 24/12/2025
