M101, a droga fabricada pela Rússia que promete revolucionar o doping
- 22/12/2025
Parece saído diretamente de um filme de ficção científica, mas está mesmo a tornar-se realidade. O jornal italiano Corriere della Sera traz, esta segunda-feira, a público os bastidores da criação daquele que, garante, tem todas as potencialidades para vir a tornar-se no "inimigo número 1 na lista negra do doping".
Dá pelo nome de M101, uma substância retirada da Arenicola Marina, uma espécie de verme de areia de cor vermelha e roxa, que pode atingir os 15 centímetros, na qual cada molécula de hemoglobina transporta 156 moléculas de oxigénio, contra apenas quatro daquelas que correm no sangue humano, apresentando, ainda, uma resistência muito maior a temperaturas extremas.
Laboratórios de países como Rússia, Bielorrússia ou China estarão a testar injeções desta mesma substância em hamsters, denominados... Lance, numa referência a Lance Armstrong, 'lenda' do ciclismo mundial que caiu em miséria, em 2013, quando assumiu, publicamente, o consumo de substâncias dopantes.
O resultado apanhou tudo e todos de surpresa, pode ler-se. A capacidade de transporte de oxigénio do sangue destes pequenos animais aumentou cerca de dez vezes, além de que a hipóxia (o baixo teor de oxigénio) em tecidos mal vascularizados caiu drasticamente, aumentando, consecutivamente, a força e a resistência físicas.
No entanto, as novidades não se ficam por aqui. Não foi detetado, nestes hamsters, quaisquer tipos de efeitos secundários resultados do consumo tradicional de doping, como hipertensão, vasoconstrição, desordens ao nível do humor ou aumento do risco de trombose. Ao invés, até mesmo a imunidade a doenças aumentou.
Testes tradicionais de nada servem
A mesma publicação acrescenta que, para complicar ainda mais a vida à Agência Mundial Antidoping (WADA), a presença de vestígios de M101 não é passível de ser detetada através dos tradicionais controlos, uma vez que circula no plasma sanguíneo sem alterar parâmetros como o hematócrito, os reticulócitos ou a ferritina.
Esta substância foi descoberta, pela primeira vez, em 2022, por um laboratório francês, que, na altura, a apresentou como uma droga revolucionária, que poderia mesmo vir a diminuir drasticamente a necessidade de transfusões de sangue, em cenários de guerra e até mesmo nas salas de operações.
Descoberta que, no entanto, acabou por cair nas mãos erradas. Mais concretamente, no mercado negro, onde a M101 começou a ser comercializada por motivos que não o único que está, neste momento, autorizado, isto é a preservação de órgãos, desencadeando algo que pode vir a 'transbordar' para o mundo do desporto.
Caso venha a entrar no uso generalizado, esta substância tornará o passaporte biológico (atualmente, a principal ferramenta no combate ao consumo de doping) totalmente ineficaz, uma vez que, pode ler-se, "entra na corrente sanguínea como a água", mantendo os níveis corporais totalmente inalterados.
Aliás, o tempo de vida da M101 é de apenas... meia hora, o que significa que, além dos elevados custos inerentes ao desenvolvimento de novas técnicas de deteção, estas teriam de ser aplicadas num curtíssimo espaço de tempo, para que fosse possível perceber, ao certo, se teria ou não sido consumida por determinado atleta.
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