Liga Árabe acusa Israel de destruir bases para coexistência pacífica
- 15/09/2025
"O que o vosso Governo está a fazer em vosso nome destrói todos os fundamentos para a coexistência pacífica na região e coloca as gerações futuras perante um futuro sombrio, dominado pela violência e pelo conflito", declarou o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgheit, numa mensagem dirigida aos cidadãos israelitas no início de uma cimeira em Doha.
O encontro - convocado pelo Qatar, pela Liga Árabe e pela Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) - reúne mais de 50 chefes de Estado e altos responsáveis de países árabes e islâmicos, entre os quais o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
O líder da organização pan-árabe sublinhou que "os crimes [de Israel] não serão esquecidos" e que "o recente ataque a um país [Qatar] que sempre tentou alcançar acordos para deter a guerra e salvar vidas, incluindo as dos reféns [israelitas], também não será esquecido".
"Trata-se de um Governo de um Estado criminoso, na região e em todo o mundo", denunciou o egípcio, afirmando que o bombardeamento em Doha "ultrapassou todos os limites e violou todos os princípios humanos e normas civilizacionais que a humanidade, desde há séculos, acordou respeitar: não atacar mediadores nem negociadores".
Abulgueit indicou também que esta cimeira pretende não só solidarizar-se com o Qatar, como enviar uma mensagem aos países ocidentais.
"Basta de silêncio perante o comportamento deste Estado criminoso que provocou incêndios na região, que assassinou, deslocou e condenou à fome povos inteiros para servir os seus objetivos, já revelados, seja movido por ambições pessoais ou ideologias doentias, querendo impor-nos a lei da selva", declarou.
Neste sentido, lembrou que "o silêncio perante o crime é, em si mesmo, um crime" e que "o silêncio perante as violações da lei mina todo o sistema internacional".
"O silêncio de dois anos perante a barbárie em Gaza fortaleceu entre os líderes da ocupação a ideia de que tudo é possível e que qualquer crime pode ficar impune. Assim, espalharam a destruição de país em país, incendiando toda a região, como se o mundo tivesse regressado às eras de barbárie e trevas que pensávamos há muito passadas", sustentou.
O ataque israelita de 9 de setembro, em Doha, teve como alvo uma reunião de negociadores do Hamas, enquanto discutiam uma proposta de Washington para um cessar-fogo em Gaza.
Este foi condenado como "uma traição" e "terrorismo de Estado" pelo Qatar, mediador, juntamente com o Egito e os Estados Unidos, nas negociações para a paz na Faixa de Gaza.
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