Líder do movimento palestiniano Fatha "debilitado", sem orelha e agredido
- 05/12/2025
Pouco depois, apagou-a, para tentar minimizar o impacto da informação nos muitos palestinianos preocupados com a saúde da figura de proa palestiniana.
No 'post', Qassam Barghouti mencionava o telefonema recebido de um prisioneiro palestiniano libertado, que lhe contou que guardas israelitas partiram várias costelas e dentes ao pai e lhe cortaram uma das orelhas "para se entreterem".
Após apagar a mensagem, escreveu que continua a tentar contactar novamente com o preso libertado, cujo nome não revelou e que lhe ligou de um número israelita.
Indicou também que contactou todos os possíveis organismos oficiais em busca de mais informações, mas que ainda não foi bem-sucedido.
"Peço desculpa por preocupar tantas pessoas. Espero que o meu pai e todos os outros prisioneiros estejam bem. Isso é tudo o que me importa", disse Qassam Barghouti.
A Comissão para os Assuntos dos Detidos da Autoridade Palestiniana afirma estar a trabalhar para obter mais informações sobre a situação de Marwan Barghouti, acrescentando que as famílias dos prisioneiros palestinianos sofrem por vezes assédio e intimidação.
Num comunicado, o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, condenou o tratamento alegadamente dado a Marwan Barghouti, detido por Israel em 2002 e condenado a cinco penas de prisão perpétua em 2004.
"Tais violações constituem um flagrante crime de guerra", sustentou.
A publicação do filho de Barghouti surge dois dias depois de mais de 200 artistas de todo o mundo terem assinado uma carta coletiva a pedir a Israel a libertação da figura de maior consenso político entre os palestinianos, por muitos considerada o "Nelson Mandela palestiniano".
Entre os signatários, destacavam-se cineastas como Pedro Almodóvar, atores como Javier Bardem e Mark Ruffalo, escritores como Margaret Atwood e Zadie Smith, músicos como Paul Simon, Sting e Annie Lennox, e artistas plásticos como Ai Weiwei.
Na carta, recordaram que o ativista de 66 anos era membro eleito do parlamento na altura da sua detenção, que foi vítima de um "julgamento viciado" e que "continua a ser o líder palestiniano mais popular", de acordo com os inquéritos de opinião.
Segundo os subscritores, o Governo israelita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nega-se a libertá-lo "devido à sua capacidade para unir o povo palestiniano e para alcançar uma paz duradoura" com Israel.
Barghouti é um dos poucos líderes palestinianos que goza de respeito tanto entre os islamitas do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) como entre os secularistas do Fatah.
Embora o seu nome tenha sido várias vezes referido nos vários pacotes de troca de prisioneiros que Israel oferece aos palestinianos, acaba sempre por ser retirado das listas e continua a somar anos de prisão.
Os organizadores da campanha pela libertação de Barghouti querem fazer do seu caso uma réplica da pressão internacional que levou à libertação de outro famoso prisioneiro de consciência, o sul-africano Nelson Mandela, que um dia disse: "O que está a acontecer com Barghouti é o mesmo que aconteceu comigo".
Israel acusa Barghouti de liderar a fação armada Tanzim do Fatah e deteve-o em 2002 pelo seu alegado envolvimento no assassínio de cinco israelitas durante a Segunda Intifada, acusação que este rejeita.
A família e os advogados de Barghouti têm relatado um agravamento acentuado do seu estado de saúde desde o ataque do Hamas em território israelita, a 07 de outubro de 2023, incluindo o seu confinamento em solitária e violentos espancamentos.
O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, chegou a gravar um vídeo em que aparece a gozar com Barghouti na prisão.
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