Líder de Hong Kong apela ao voto em legislativas marcadas por incêndio
- 07/12/2025
O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, exortou hoje todos os eleitores a votar nas oitavas eleições para o Conselho Legislativo, nas quais se prevê uma baixa participação.
Estas são as segundas eleições desde a reforma eleitoral introduzida em 2021 por imposição de Pequim, que reduziu de 35 para 20 os assentos eleitos por sufrágio universal, ampliou o peso dos mecanismos não diretos e transformou o escrutínio numa votação na qual "apenas (candidatos) patriotas" podem concorrer.
Lee, que votou esta manhã numa secção eleitoral do bairro de Mid-Levels, exortou a população a ir às urnas, sublinhando em declarações à comunicação social que estas eleições representam "um voto a favor das reformas, um voto a favor da proteção das vítimas do incêndio de Wang Fuk Court [há menos de duas semanas, do qual resultaram 159 mortos confirmados e 30 pessoas desaparecidas] e um voto a favor de unir as nossas forças e seguir em frente".
Segundo o líder de Hong Kong, a sua Administração apresentará uma moção para apoiar as vítimas e a reconstrução do complexo residencial, assim que o novo Conselho Legislativo for formado, no início do próximo ano.
As autoridades alargaram os horários, abriram novos centros e instaram as empresas a facilitar a votação para incentivar a participação nestas eleições, que se realizam de quatro em quatro anos para renovar o órgão responsável pela aprovação de leis, fiscalização do Governo e análise dos orçamentos.
Até ao meio-dia local, o dia decorria sem incidentes e 426.900 eleitores tinham votado, o que representa uma participação de 10,3 %, quase um ponto acima da registada à mesma hora nas eleições de 2021.
Nessas eleições, registou-se uma participação historicamente baixa de 30,2%, que as autoridades temem que se repita hoje em consequência do incêndio, que colocou em causa a gestão governamental, depois de as investigações iniciais terem revelado graves irregularidades técnicas.
Embora inicialmente o Executivo tenha ponderado a possibilidade de adiar as eleições depois do incêndio e dos três dias de luto e suspensão das atividades de campanha que se seguiram, acabou por decidir mantê-las na data prevista, argumentando que a realização demonstra maturidade institucional e que o processo pode coexistir com o respeito pelas vítimas e a gestão da emergência.
No total, 161 candidatos disputam 90 lugares: 51 em circunscrições territoriais, 60 em circunscrições funcionais e 50 designados pela Comissão Eleitoral, dominada por perfis afins ao governo central.
Os círculos funcionais representam grupos profissionais, setores comerciais ou interesses especiais específicos e apenas os eleitores registados nestes setores podem votar neles, o que tem suscitado críticas pela sua representatividade limitada a favor dos interesses corporativos e das elites.














