Lecornu considera possível acordo para orçamento de 2026 em França
- 23/12/2025
Num breve discurso televisivo à nação, Lecornu falou enquanto o Senado (câmara alta) francês ratificava uma lei de emergência, já aprovada pela Câmara dos Representantes (câmara baixa), que permite ao Estado continuar a funcionar provisoriamente até que um plano orçamental público seja aprovado pelo Parlamento.
"Precisamos de um orçamento [para 2026] em janeiro e reduzir o défice para menos de 5% do PIB até 2026", frisou o primeiro-ministro, que assegurou que, se esta lei especial persistir, haverá "muitos efeitos negativos" para o país.
Lecornu fez referência a certos programas de apoio que cessarão em 2026 e ao custo para os cofres públicos de operar sem orçamento, estimado em pelo menos 12 mil milhões de euros.
O chefe do Governo lamentou que as negociações orçamentais entre as duas câmaras do Parlamento tenham fracassado antes de 31 de dezembro, o prazo teórico para a aprovação do documento, e citou como exemplo da "abertura ao diálogo" do seu executivo a aprovação, com o voto da oposição socialista, do projeto de lei de financiamento da Segurança Social este mês.
Lecornu enfrenta a Assembleia Nacional mais fragmentada dos últimos tempos, com três blocos (a fação de centro-direita "macronista", a esquerda e a extrema-direita) considerados irreconciliáveis e que se vetam mutuamente.
"Dedicar o tempo necessário para elaborar um orçamento sólido numa democracia como a França não é sinal de fraqueza (...) O compromisso não é uma cedência nem um sinal de confusão", frisou o governante, que é o quarto primeiro-ministro de França em dois anos.
Dois deles (Michel Barnier e François Bayrou) foram destituídos em moções de censura separadas na Assembleia Nacional devido às suas propostas orçamentais.
Num discurso que olhou para lá de janeiro, o prazo estabelecido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, para a apresentação do orçamento, Lecornu abordou outros projetos legislativos, como o "rearmamento do país" e o combate às redes de narcotráfico.
O primeiro-ministro abordou ainda a crise agrícola no país, onde o setor está mobilizado contra o acordo de comércio livre UE-Mercosul e contra a gestão da epidemia de dermatose nodular contagiosa no gado.
"Em relação ao Mercosul, a nossa posição é firme: não aceitaremos qualquer acordo que enfraqueça os nossos setores agrícolas ou imponha concorrência desleal. O texto evoluiu, mas o conteúdo ainda não está à altura", alertou Lecornu, aludindo às modificações relativas às salvaguardas solicitadas por Paris e aceites pela Comissão Europeia (CE).
Contudo, o primeiro-ministro não mencionou se o prazo de janeiro permanece em vigor, data em que a França deverá emitir um novo pronunciamento sobre o acordo UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).
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