Junta militar de Myanmar admite ataque a hospital, mas nega civis mortos
- 13/12/2025
Num comunicado publicado pelo jornal estatal Global New Light of Myanmar, o gabinete de informação militar afirmou que grupos armados, incluindo o Exército Arakan e a Força de Defesa Popular, milícias pró-democracia formadas após a tomada do poder pelo exército em 2021, usavam o hospital como base.
O comunicado afirma que os militares tomaram as medidas de segurança necessárias e lançaram uma operação antiterrorista contra os edifícios do hospital na passada quarta-feira. Acrescentou que os mortos e feridos eram membros armados de grupos da oposição e seus apoiantes, mas não civis.
Um alto funcionário dos serviços de resgate em Rakhine disse à Associated Press na quinta-feira que 34 pessoas, incluindo pacientes e funcionários médicos, foram mortas e cerca de 80 outras ficaram feridas, quando um caça do exército lançou duas bombas sobre o hospital geral no município de Mrauk-U, uma área controlada pelo Exército de Arakan, ou AA.
As Nações Unidas consideraram na quinta-feira, em comunicado, que o ataque faz parte de um padrão mais amplo de ataques, que têm causado mortes entre civis e danos materiais, devastando comunidades em todo o país.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), manifestou-se "chocado" com o ataque ao hospital, que prestava cuidados de saúde primários, afirmando que o mesmo prejudicaria o acesso à saúde de comunidades inteiras, segudo um comunicado divulgado na quinta-feira na rede social X.
Mrauk-U, localizada a 530 quilómetros a noroeste de Rangum, antiga capital e maior cidade do país, foi capturada pelo Exército de Arakan em fevereiro de 2024.
O Exército de Arakan (Arracão) é o braço militar, bem treinado e bem armado, do movimento da minoria étnica Rakhine, que luta pela autonomia do Governo central de Mianmar. O movimento iniciou a ofensiva em Rakhine em novembro de 2023, tomando um quartel-general regional do exército, estrategicamente importante, e 14 dos 17 municípios daquele estado.
O grupo prometeu, em comunicado divulgado na quinta-feira, que irá exigir a responsabilização dos militares e garantir que será feita justiça.
O grupo disse igualmente, numa declaração separada, que o exército lançou uma série de ataques aéreos noturnos em cinco cidades em Rakhine desde o ataque ao hospital e que, pelo menos, oito civis foram mortos e outros 10 ficaram feridos.
Myanmar é palco de violências desde que o exército tomou o poder em 2021, provocando uma oposição popular generalizada. Muitos opositores do regime militar pegaram em armas desde então, e grande parte do país está agora envolvida em conflitos.
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