Junta militar de Myanmar acusa rebeldes de lançarem ataques durante eleições
- 30/12/2025
Entre sábado e domingo à noite, foram realizados ataques "maliciosos e brutais" em 11 das 102 municípios onde decorreu a primeira fase das eleições organizadas pelos militares, informou a imprensa estatal.
O jornal Global New Light of Myanmar, controlado pela junta, listou os ataques dos rebeldes, que vão desde "disparos de longo alcance com armas pesadas e foguetes artesanais" a "bombardeamentos com drones".
"Enquanto o Governo e o povo escolheram o caminho democrático, os grupos terroristas continuaram com o seu extremismo violento", escreveu o jornal.
A junta acusou ainda os grupos rebeldes de "enviar cartas ameaçadoras", "espalhar desinformação" e impedir que as pessoas se dirigissem às urnas.
O principal partido pró-militar de Myanmar reivindicou na segunda-feira a vitória na primeira fase das eleições legislativas.
"Ganhámos 82 lugares na câmara baixa, nas circunscrições onde já foi concluída a contagem, de um total de 102", disse o representante do Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP, na sigla em inglês), que pediu para não ser identificado, à agência de notícias France-Presse.
Os resultados oficiais da primeira fase da votação, realizada no domingo em apenas algumas circunscrições, ainda não foram divulgados pela comissão eleitoral de Myanmar.
Sem qualquer oposição real, a junta militar apresentou as eleições como um passo rumo à reconciliação, quase cinco anos após tomar o poder em 01 de fevereiro de 2021, num golpe que derrubou o Governo eleito, dirigido pela Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
As eleições de domingo realizaram-se apenas em 102 dos 330 municípios do país e, mesmo após as duas fases seguintes, em 11 e 25 de janeiro, 65 municípios serão impedidos de votar devido aos combates entre o exército, grupos guerrilheiros étnicos e forças de resistência.
Grupos de defesa dos direitos humanos e da oposição afirmaram que as eleições não são nem livres nem justas e que o poder deverá permanecer nas mãos do líder militar, o general Min Aung Hlaing. Críticos disseram duvidar de uma transição para um regime civil.
Analistas consideraram que a decisão de realizar eleições serve sobretudo para que vizinhos como a China, a Índia e a Tailândia mantenham o apoio ao regime militar, que, de acordo com o exército, promove a estabilidade na nação.
A ex-líder Aung San Suu Kyi, de 80 anos, e a Liga Nacional para a Democracia não participaram no escrutínio de domingo. A Nobel da Paz cumpre uma pena de 27 anos de prisão e o partido foi dissolvido.
Outros partidos também boicotaram a votação ou recusaram-se a concorrer sob condições que consideram injustas.
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