Identificadas 5 vítimas do ataque em Sydney. Quem eram (e as histórias)
- 15/12/2025
Mais de doze horas depois do tiroteio na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, este domingo, já começam a ser conhecidos os contornos do ataque e as vítimas que dele resultaram.
Ao todo, e até ao momento, foram confirmados 16 mortos, sendo que um deles é um dos atiradores.
Em conferência de imprensa, as autoridades australianas, adiantaram que a dupla de agressores que disparou sobre cerca de mil pessoas reunidas para celebrar a primeira noite do Hanukkah, uma celebração judaica, era pai e filho.
O primeiro, de 50 anos (e cuja identidade não foi revelada) foi alvejado durante uma troca de tiros com a polícia e acabou por morrer.
O segundo, o seu suposto filho, foi também atingido e encontra-se em estado crítico, embora estável, no hospital já sob custódia policial. Trata-se de Naveed Akram, de 24 anos, residente no sudoeste da capital australiana, no bairro de Bonnyrigg.
Quanto às vítimas mortais do ataque, até ao momento, é conhecida a identidade de cinco dos mortos.
Eli Schangler
A primeira identidade a ser revelada foi a do rabino Eli Schangler, nascido em Londres, no Reino Unido, e com 41 anos. O homem deixou para trás uma mulher e cinco filhos. O mais novo tem apenas dois meses.
Ao Jewish News, o primo de Schangler, o também rabino Zalman Lewis, contou que soube da morte do familiar através do grupo de WhatsApp que tem com a sua família, onde a sua mulher e a sua irmã estavam a dizer que reconheciam um dos nomes na lista de mortos.
"Ainda estamos a começar a processar isto. Não faz qualquer sentido. Como é que um rabino alegre que foi a uma praia para espalhar felicidade e luz, para tornar o mundo um lugar melhor, pode ter a vida terminada desta forma", questionou o primo. "Só podemos fazer aquilo que o Eli teria querido, aquilo a que ele dedicou a vida: fazer mais mitzvot (boas ações) e continuar a espalhar energia positiva."
Lewis descreveu o primo como uma pessoa "cheia de vida e energia e otimista".

© Eli Schangler/Instagram
Alex Kleytman
Outro identificado foi Alex Kleytman, um ucraniano judaico, que sobreviveu ao Holocausto. Kleytman estava na praia de Bondi com a mulher, Larisa, para comemorar o Hanukah quando o ataque começou.
O homem, segundo a própria esposa, morreu a tentar protegê-la, sendo atingido na parte de trás da cabeça por uma bala.
"Eu acho que ele foi atingido na parte de trás da cabeça porque se levantou para me proteger", confessou a agora viúva, com quem teve dois filhos, ao Daily Mail. Alex e Larisa foram casados durante mais de 50 anos.
Em 2023 o casal, ambos sobreviventes do Holocausto, contaram as suas experiências ao Jewish Care: "Em crianças, tanto Larisa como Alexander enfrentaram terrores indescritíveis no Holocausto. As memórias de Alex são particularmente angustiantes; as condições terríveis na Sibéria, onde ele, juntamente com a mãe e o irmão mais novo, lutaram pela sobrevivência", lê-se no relatório anual de 2022/23 do prestador de cuidados de saúde judeu australiano, citado pelo The Guardian.
"As cicatrizes do passado, no entanto, não os impediram de buscar um futuro melhor. Mais tarde, eles se mudaram para a Austrália, imigrando da Ucrânia."

© @saurabhkap00r/X
Dan Elkayam
Também o francês Dan Elkayam, de 27 anos, morreu neste ataque. A notícia foi avançada pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros Francês, Jean-Noël Barrot na rede social X.
"É com imensa tristeza que soubemos que o nosso compatriota Dan Elkayam estava entre as vítimas deste desprezível ataque terrorista que atingiu famílias judaicas reunidas na praia de Bondi, em Sydney, no primeiro dia de Hanukkah", começou por dizer o governante.
"Este ato desprezível é mais uma manifestação trágica de uma onda revoltante de ódio antissemita que devemos combater. A França não poupará esforços para erradicar o antissemitismo onde quer que ele surja e para combater o terrorismo em todas as suas formas. As luzes de Hanukkah não devem e não irão se apagar", terminou.
C'est avec une immense tristesse que nous avons appris que notre compatriote Dan Elkayam compterait parmi les victimes de l'attaque terroriste abjecte qui a frappé les familles juives rassemblées sur la plage de Bondi à Sydney, au premier jour de Hanouka.
— Jean-Noël Barrot (@jnbarrot) December 14, 2025
Nous pleurons avec sa…
O presidente francês, Emmanuel Macron, pronunciou-se pouco depois, também no X, dizendo saber da notícia com "profunda tristeza" e expressando a sua solidariedade para com a sua família e entes queridos.

© @HenMazzig/X
Reuven Morrison
Outra das vítimas é Reuven Morrison, um imigrante da ex-União Soviética que chegou à Austrália nos anos 70, depois de sofrer perseguição no antigo Estado por ser judeu.
"Nós viemos para aqui, com a visão de que a Austrália é o país mais seguro do mundo, e que os judeus não iam sofrer com tanto antissemitismo no futuro; um sítio onde podemos criar os nossos filhos num ambiente seguro", disse numa entrevista à ABC em 2024.
O site Chabad.org descreve o homem como alguém que dividia os seus dias entre Sydney e Melbourne, e era um "empresário de sucesso cujo objetivo era entregar os seus lucros às caridades próximas do seu coração".

© @NoaMagid/X
Yaakov Levitan
Sabe-se também que uma das vítimas identificadas era também um rabino chamado Yaakov Levitan. Sobre este homem ainda é conhecido pouco, apenas que trabalhou como secretário do Beth Din (tribunal judaico) de Sydney e no Centro BINA (organização judaica). O site Chabad descreve o rabino como um homem comprometido com a sua fé.

© @NoaMagid/X
Apesar de ainda não se saber a identidade, as autoridades australianas também já confirmaram a morte de uma menina de dez anos, sendo ela a vítima mortal mais nova deste ataque.
Ao todo, mais de 40 pessoas receberam assistência médica devido a ferimentos relacionados com o tiroteio. O último balanço dava conta de que 38 ainda permaneciam no hospital, sendo que dois deles são agentes da polícia.
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