Hamas pede ajuda internacional para remover explosivos não-detonados em Gaza
- 24/11/2025
"O porta-voz do movimento, Hazem Qassem, instou hoje todos os organismos internacionais relevantes a tomarem medidas urgentes para remover os perigosos engenhos na Faixa de Gaza, que representam bombas-relógio que podem explodir a qualquer momento", referiu o comunicado.
A Direção-Geral da Polícia de Gaza informou que uma criança sofreu ferimentos ligeiros devido à explosão de "um objeto remanescente da ocupação na zona costeira norte da Cidade de Gaza".
Segundo o Serviço da ONU de Ação contra as Minas (UNMAS), entre 5% e 10% das armas lançadas sobre Gaza não detonaram, "deixando para trás riscos mortais".
Entre outubro de 2023 e janeiro deste ano (quando se iniciou o anterior cessar-fogo em Gaza), pelo menos 92 pessoas foram mortas ou feridas por engenhos explosivos, incluindo granadas de morteiro, 'rockets' e engenhos explosivos improvisados, de acordo com o Programa de Ação contra as Minas nos Territórios Palestinianos Ocupados.
A ONU sublinha que estes resíduos explosivos representam uma ameaça imediata tanto para os civis como para as equipas humanitárias, estimando-se que o enclave palestiniano possa demorar até 14 anos a ficar completamente livre de bombas não-detonadas.
O porta-voz da UNICEF, Ricardo Pires, afirmou na sexta-feira, numa conferência de imprensa na sede da ONU em Genebra, que, desde que o cessar-fogo entrou em vigor, em outubro, pelo menos 67 crianças morreram em incidentes relacionados com o conflito, o que representa "uma média de quase duas crianças por dia", apesar do compromisso de cessar a violência.
O acordo de cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza constitui a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns vivos em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.
A retaliação de Israel fez mais de 69.500 mortos - entre os quais mais de 20.000 crianças - e quase 171.000 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados (com as vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Fez igualmente milhares de desaparecidos, soterrados nos escombros e espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções e fome, causada por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abria fogo sobre civis famintos.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça, e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
Leia Também: Hamas saúda saída da "desumana" Fundação Humanitária de Gaza













