Hamas insiste que não entregará armas se "ocupação israelita" continuar
- 29/12/2025
A mensagem divulgada nas redes sociais por Abu Obeida, o novo porta-voz das milícias palestinianas, surge no mesmo dia do encontro do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o Presidente norte-americano, Donald Trump, em Palm Beach (Florida), nos Estados Unidos, para discutir a segunda fase da trégua na Faixa de Gaza.
"O nosso povo está a defender-se e não entregará as suas armas enquanto a ocupação persistir. Não se renderá, nem mesmo se tiver de lutar com unhas e dentes", afirmou o porta-voz, que adotou o mesmo nome de guerra do seu antecessor, eliminado por Israel em agosto mas cuja morte só hoje foi confirmada pelo Hamas.
Na sua declaração, Abu Obeida instou os envolvidos no cessar-fogo a trabalharem para privar Israel das suas armas que disse serem usadas para exterminar os habitantes da Palestina e contra outros países da região, "em vez de se preocuparem com as armas ligeiras dos palestinianos".
Abu Obeida aludia às negociações das próximas etapas do cessar-fogo, em vigor no território desde 10 de outubro, que preveem a continuação da retirada israelita e o desarmamento do Hamas, bem como o seu afastamento da gestão do enclave, que passaria a ser assumida por um "conselho da paz" liderado por Trump, e ainda o destacamento de uma força militar internacional.
As Brigadas al-Qassam reforçaram hoje que Israel está a expulsar palestinianos dos campos de refugiados na Cisjordânia, a par da condenação aos atos de violência dos colonos judeus, que dizem corresponder à intenção do Governo de Netanyahu de "concluir o projeto de anexação" dos territórios ocupados.
A mensagem elogiou por outro lado o comportamento dos "bravos" combatentes palestinianos que permaneceram escondidos na zona de Rafah, no sul da Faixa Gaza, que é totalmente controlada por Israel.
Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, estes homens têm saído dos seus esconderijos "sem se renderem", destacou o porta-voz, pedindo a países como o Iémen, Líbano, Iraque e Irão, bem como à Jordânia, que "ajudem Gaza" após mais de dois meses de cessar-fogo.
"Embora o som dos tiros tenha diminuído, Gaza continua a sofrer imenso. É vosso dever prestar auxílio e aliviar o sofrimento da população, e vocês são capazes de o fazer", apelou.
Na mensagem em vídeo, as Brigadas al-Qassam confirmaram hoje as mortes na Faixa de Gaza de Mohammed Sinwar, antigo líder do grupo islamita palestiniano, e do ex-porta-voz Abu Obeida, reivindicadas por Israel há vários meses.
Em maio, as autoridades israelitas alegaram que tinham eliminado Mohammed Sinwar e, três meses mais tarde, fizeram o mesmo em relação a Abu Obeida, sem que o Hamas confirmasse oficialmente as mortes dos dois dirigentes até agora, a que se adicionaram também os nomes de outros destacados elementos.
"Da terra de Gaza, palco de orgulho e desafio, que morre de pé, recusando-se a ajoelhar-se ou a baixar a sua bandeira, convocamos os filhos e filhas da nossa nação a virem ajudar Gaza", insistiu o novo porta-voz, descrevendo uma população "abandonada perante a aniquilação" às mãos de Israel.
No âmbito do cessar-fogo promovido pelos Estados Unidos com apoio da comunidade internacional, Israel e Hamas comprometeram-se com trocas de prisioneiros e reféns, retirada parcial das forças israelitas da Faixa de Gaza e acesso de ajuda humanitária ao enclave.
Israel tem-se porém recusado a avançar para as próximas fases do acordo proposto por Washington enquanto não recuperar o último corpo da lista de 28 reféns mortos a devolver pelo Hamas, depois da entrega dos 20 vivos logo nas primeiras horas do entendimento e de 27 mortos desde então.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderado pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 70 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, um desastre humanitário, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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