Há 26 anos Açores acordavam com pesadelo. Queda de avião matou 35 pessoas
- 11/12/2025
Faz esta quinta-feira, 11 de dezembro, precisamente 26 anos que o Pico da Esperança, na ilha de São Jorge, nos Açores, se transformou no pico da morte.
Eram 9h20 da manhã, horas locais, menos uma hora que em Portugal Continental, quando o avião ATP Graciosa da SATA Air Açores, proveniente de Ponta Delgada, em São Miguel, com destino à ilha das Flores, colidiu com a montanha mais alta da ilha de São Jorge, vitimando todos os passageiros e tripulação, num total de 35 pessoas.
Ainda hoje, 26 anos depois do acidente, nenhum açoriano esqueceu aquele sábado. Tão perto do Natal. Que tirou a esperança a todos os familiares, amigos e conhecidos de quem viajava naquele fatídico voo 530M.
O dia era de mau tempo. O céu estava muito nublado, havia rajadas de vento e o voo foi feito sempre a baixa altitude, com sucessivos abanões. Algo que, segundo o Relatório da Comissão de Inquérito ao acidente, divulgado pelo Instituto Nacional da Aviação Civil, fez com que a aeronave efetuasse um desvio "sem que a tripulação se apercebesse", até que começou a cruzar a linha da costa Norte de São Jorge, onde viria a embater.
Após soar o alerta de impacto, três segundos antes do primeiro embate, o copiloto alertou para o facto de estarem "a perder altitude e em cima de São Jorge". Apesar de terem aumentado a potência dos motores, a manobra foi "insuficiente para ultrapassar o obstáculo", o que causou uma violenta explosão e deixou o avião totalmente destruído.
O primeiro a dar o alerta para o acidente foi um pastor que, vários metros abaixo da ravina onde os restos do avião ficaram, sentiu o cheiro a combustível.
Quando os meios de socorro chegaram ao local. Encontraram um cenário aterrorizante. "Não conseguíamos andar a pé. Fomos a gatinhar até à sua vertente contrária, onde havia a ravina", revelou, em 2016, Vítor Alves, então jornalista da RTP Açores e o primeiro a chegar ao local, junto com o repórter de imagem.
O jornalista recordou ainda que na descida até ao local, primeiro começou por encontrar papéis, depois roupas, metal, o motor do avião, corpos e, finalmente, o resto da fuselagem, num cenário que realçou ser "indescritível, quase "irreal".
Já o bombeiro Rui Bettencourt tinha apenas 20 anos quando foi chamado, na qualidade de operacional, ao local do acidente, que "marcou" a vida no concelho das Velas, onde fica localizado o Pico da Esperança. "Nunca ninguém tinha imaginado um cenário dantesco daqueles", revelou numa entrevista também dada à RTP Açores.
Desde logo, devido ao cenário de destruição, percebeu-se que era impossível haver sobreviventes.
A Protecção Civil açoriana debateu-se então com grandes dificuldades para recuperar os corpos e as caixas negras da aeronave, devido às más condições climatéricas e às difíceis condições de acesso ao local do acidente.
Foram dezenas de horas de trabalho, a tentarem-se abstrair do que viam, sem perder em vista a missão que tinham de desempenhar para dar aos familiares e amigos das vítimas de um dos maiores acidentes aéreos de Portugal a possibilidade de dar o último adeus aos seus entes queridos.
Os funerais só se realizaram vários dias depois do acidente.
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