Guterres ouviu reivindicações dos indígenas brasileiros na COP30
- 19/11/2025
A principal reivindicação foi a necessidade de garantir os direitos de propriedade sobre as suas terras através dos respetivos processos de titulação, segundo um comunicado divulgado pela ONU.
Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a principal organização dos povos originários do país, afirmou que a proteção das terras é uma "responsabilidade global".
"O mundo deve reconhecer verdadeiramente o nosso cuidado dos territórios indígenas como uma solução para a crise climática. As nossas terras e as nossas formas tradicionais de as gerir devem ser reconhecidas", declarou Tuxá, de acordo com o comunicado.
Na terça-feira, o Governo do Brasil anunciou a demarcação de dez novos territórios indígenas, após os protestos ocorridos na semana anterior.
A presidente do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Alterações Climáticas (IIPFCC), Sinéia do Vale, afirmou que a demarcação de dez territórios indígenas é "possivelmente" a melhor notícia da COP30.
Os indígenas têm protestado na COP30 contra a lentidão dos processos de proteção das suas terras e também contra projetos governamentais, como a prospeção de petróleo na Amazónia e a construção de uma linha ferroviária perto de terras indígenas, destinada à exportação de soja.
No dia 11 de novembro, segundo dia da conferência da ONU, um grupo de indígenas e ativistas entrou à força na área restrita da conferência, o que provocou momentos de tensão com o pessoal de segurança.
Três dias depois, integrantes da etnia Mundurukú bloquearam durante quase quatro horas a entrada principal da COP30, em protesto contra alguns projetos do Governo brasileiro, como o desvio de certos rios amazónicos para facilitar o transporte de produtos agrícolas produzidos no interior do país.
O bloqueio terminou apenas depois presidente da cimeira, o diplomata André Corrêa do Lago, se dirigir ao local e iniciar um diálogo.
Na COP30, 35 países e organizações filantrópicas comprometeram-se a aportar 1.800 milhões de dólares durante os próximos cinco anos para impulsionar a titulação de terras para os povos indígenas, afrodescendentes e comunidades locais.
Além disso, 15 governos comprometeram-se a reconhecer 160 milhões de hectares de terra.
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