Guiné-Bissau: Fernando Dias e Domingos Simões Pereira detidos
- 26/11/2025
"Condenamos igualmente as detenções arbitrárias do Candidato Dr. Fernando Dias da Costa e do Líder da Coligação PAI Terra Ranka, Domingos Simões Pereira, antecedida de uma invasão brutal à Sede da Diretoria Nacional, sita no Bairro de Hafia", lê-se num comunicado divulgado na página do Facebook de Domingos Simões Pereira.
"A Diretoria de Campanha do Candidato Dr. Fernando Dias vem repudiar e condenar as tentativas de subversão da Ordem Constitucional por parte de um grupo de oficiais militares, alegadamente para restaurar a ordem", acrescenta-se no texto que está disponível na página de Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a coligação PAI-Terra Ranka, impedida, tal como Simões Pereira, de se candidatar às eleições de domingo.
No texto, acrescenta-se que a Diretoria Nacional considera que os militares estão a fazer "manobras para interromper o processo eleitoral, que já estava na fase final de divulgação dos resultados provisórios, apurados nas mesas de voto e nas Comissões Regionais de Eleições, CRE".
A campanha do candidato Fernando Dias apela também aos apoiantes e aos guineenses em geral para se manterem calmos, "exortando ao mesmo tempo a CNE [Comissão Nacional de Eleições] a divulgar na data prevista, ou seja amanhã [quinta-feira], os resultados das Eleições Presidenciais, que deram larga vitória ao Dr. Fernando Dias da Costa, assegurando-lhe a vitória logo na primeira volta".
A mensagem da campanha de Fernando Dias disponível na página do Facebook de Domingos Simões Pereira foi divulgado depois das 20:00 de hoje, no mesmo dia em que os militares anunciaram ter tomado o poder neste país lusófono africano.
Num comunicado lido hoje à tarde na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, os militares anunciaram a tomada do poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora.
Na comunicação informa-se que foi "instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau".
O Alto Comando Militar informa que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".
Informa ainda que estão suspensas "as atividades de todos os órgãos de comunicação social", assim como decidiu "suspender imediatamente o processo eleitoral em curso".
Os guineenses votaram no domingo em eleições gerais, presidenciais e legislativas, tendo sido anunciada para quinta-feira a divulgação dos resultados, com o candidato da oposição Fernando Dias a reclamar vitória na primeira volta contra o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que concorreu a um segundo mandato.
O comunicado explica que se trata de uma reação "à descoberta de um plano em curso de destabilização do país", atribuído a "alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros".
Segundo os militares, o plano consistiria ainda na "tentativa de manipulação dos resultados eleitorais" das eleições gerais de domingo.
O Alto Comando Militar acrescentada que "foi descoberto pelo Serviço de Informação de Estado um depósito de armamento de guerra" destinado à "efetivação desse plano".
O Alto Comando Militar exercerá o poder do Estado a contar da data de hoje "até que toda a situação seja convenientemente esclarecida e respostas as condições para o pleno retorno à normalidade constitucional".
Os militares apelam "à calma, à colaboração dos guineenses e compreensão de todos perante" o que classificam como "grave situação imposta por uma emergência nacional".
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