Greve? "Se o Governo acha que está tudo normal, não está a perceber nada"
- 11/12/2025
O candidato presidencial e líder do Chega, André Ventura, considerou, esta quinta-feira, que o Executivo de Luís Montenegro "devia perceber que hoje não é um dia bom para o Governo", tendo em conta que "as pessoas reconheceram que os direitos de quem trabalha e de quem se esforça foram postos em causa". Apontou, inclusive, que se o Governo "acha que está tudo normal, não está a perceber nada do que está a acontecer no país".
"Quem perde com isto é o país. Temos de olhar para isto com alguma estupefação perante a irresponsabilidade de uns e de outros. Devíamos fazer perceber – e o Governo devia perceber – que hoje não é um dia bom para o Governo. É um dia em que as pessoas reconheceram que os direitos de quem trabalha e de quem se esforça foram postos em causa, de que o Governo não conseguiu convencer – porque, na verdade, atentou contra – os direitos daqueles que trabalham em várias coisas", disse, em declarações à imprensa, a propósito da greve geral que paralisou vários setores.
O líder do Chega foi mais longe, tendo atirado que, se o Governo "acha que está tudo normal, não está a perceber nada do que está a acontecer no país". Contudo, repudiou quem encarou a greve geral como "uma grande vitória política", argumentado que "a economia contraiu de certeza e há paragens de serviços e de estruturas".
"Deviam reconhecer que hoje era o dia de trabalharmos para ver o que poderíamos melhorar para os trabalhadores, nas empresas e na economia", disse, indicado ser "errado" e um "atentado à liberdade" haver "juventudes partidárias e até partidos que se orgulham em impedir os outros de trabalhar, de pôr funcionários ou militantes à frente de transportes públicos e de outras estruturas, a impedir as pessoas que não querem fazer greve de trabalhar"
Ventura assumiu, ainda assim, haver "razões para um compreensível descontentamento, quer de trabalhadores, quer de empresas", tendo considerado que "o Governo não tem tratado bem a economia".
"Compreendo a utilização da greve. Acho é que não devemos fazer da greve uma batalha política. Devemos fazer da greve um último recurso, quando os trabalhadores não sentem que têm outra forma de fazer ouvir a sua voz. Compreendo perfeitamente [a greve]. O Governo é que devia ter evitado chegarmos a este ponto. Ainda por cima teve, da nossa parte, abertura para uma discussão sensata, ponderosa, dos motivos que levam a esta greve […] e não o quis fazer", lançou.
Governo refere adesão "inexpressiva", CGTP fala em "grande, grande, grande greve"
Saliente-se que o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, desvalorizou o impacto da greve geral, cuja adesão disse ser "inexpressiva".
"Esta parece mais uma greve parcial da Função Pública. O país está a trabalhar. A adesão à greve é inexpressiva", disse, numa conferência de imprensa de balanço da greve, em Lisboa.
Entretanto, o responsável frisou que "o país está sereno" e vincou que "uma minoria" aderiu à paralisação.
"Respeitamos a minoria – que é mesmo uma minoria – que se expressou hoje livremente com greves e manifestação, e respeitamos muito também a maioria esmagadora que decidiu trabalhar", disse.
Por outro lado, a CGTP estimou que mais de três milhões de pessoas aderiram à greve, que foi, na ótica do seu secretário-geral, "uma das maiores de sempre, se não a maior de sempre".
"Hoje temos uma grande, grande, grande greve", complementou Tiago Oliveira.
Recorde-se que a greve geral de 11 de dezembro foi convocada pela CGTP e pela UGT contra a proposta de revisão do Código do Trabalho. Trata-se da primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da 'troika'.














