Governos e civis vão avaliar cumprimento das promessas a refugiados
- 13/12/2025
O encontro chama-se Fórum Global sobre Refugiados (FGR) e acontece a cada quatro anos, sendo organizado pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e pela Suíça.
O objetivo é apoiar o Pacto Global sobre Refugiados, partilhando compromissos financeiros, experiência técnica e ações para melhorar a vida de refugiados e das comunidades de acolhimento.
Adotado pelas Nações Unidas em 2018, um ano antes do primeiro FGR se realizar, o Pacto Global sobre Refugiados visa fortalecer a cooperação internacional para partilhar, de forma equitativa, a responsabilidade de acolher refugiados, aliviando a pressão sobre os países anfitriões, e promovendo o retorno seguro e digno aos países de origem.
Este encontro realiza-se numa altura em que "o apoio global aos refugiados é essencial", defendeu o diretor da secção do Pacto Global sobre Refugiados do ACNUR, Nicolas Bass, numa conferência de imprensa realizada em Genebra, na Suíça, para preparar o encontro.
Segundo adiantou, a reunião irá avaliar as promessas de apoio aos refugiados, sendo que foram registadas mais de 3.400 em 47 áreas temáticas e regionais desde a primeira edição do FGR, em 2019, envolvendo mais de 1.300 parceiros.
Dois terços destas promessas foram cumpridos ou estão em curso.
"Agora não é altura de recuar, é altura de reforçar as parcerias e enviar uma mensagem clara aos refugiados e aos países de acolhimento: não estão sozinhos", sublinhou Nicolas Bass.
De acordo com o ACNUR, nos últimos anos, 10 países aprovaram novas leis laborais que permitem aos refugiados trabalhar, beneficiando mais de meio milhão de pessoas.
Na Polónia, exemplificou o responsável do Alto Comissariado, a inclusão de refugiados no mercado de trabalho contribuiu com até 2,7% de crescimento do PIB" (Produto Interno Bruto) e o número de matrículas de refugiados no ensino superior subiu de 6% para 9% desde 2023.
Além disso, 10 países reforçaram os seus sistemas de asilo, incluindo o Chade, que adotou a sua primeira lei de asilo.
"Cada sucesso -- grande ou pequeno -- importa. Cada um deles prova que o progresso é possível quando agimos em conjunto", sublinhou Nicolas Bass.
No entanto, alertou, os desafios persistem e a falta de financiamento ameaça as conquistas obtidas.
"Os países de acolhimento estão a fazer a sua parte, mas a solidariedade não pode ser sustentada apenas pela boa vontade. Sem uma renovada vontade política e investimentos, o progresso corre o risco de ser perdido", lembrou.
O contexto global, referiu, "está a deteriorar-se entre conflitos contínuos, recordes de mortes de civis -- uma vida está a ser perdida a cada 12 minutos -- e divisões políticas cada vez mais profundas, que estão a impulsionar a deslocação e a sobrecarregar o sistema".
Além disso, a partilha de responsabilidades continua a ser desigual.
"Os países de baixo rendimento suportam um fardo desproporcional", acolhendo 80% dos refugiados, avançou o responsável.
"Em 2023, foram alocados 14,4 mil milhões de dólares [12,3 mil milhões de euros] em ajuda a situações de refugiados -- 190 vezes menos do que a despesa militar global em 2024", criticou.
Por outro lado, embora "os retornos estejam a aumentar -- incluindo mais de 2 milhões de refugiados em 2025 --, são, muitas vezes, resultado de "coação e falta de apoio adequado".
O Pacto Global sobre Refugiados "continua a ser essencial para promover soluções equitativas e duradouras e para abordar as causas profundas da deslocação", defendeu o responsável do ACNUR, sublinhando que "a proteção dos refugiados é uma responsabilidade partilhada e o mundo não se pode dar ao luxo de perder os progressos alcançados".
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