Gouveia e Melo sobre investigação do MP: "Nunca beneficiei ninguém"
- 29/12/2025
Henrique Gouveia e Melo reagiu esta segunda-feira à notícia da revista Sábado - que dá conta que o Ministério Público (MP) de Almada está a investigar vários ajustes diretos aprovados pelo agora candidato presidencial enquanto era comandante Naval da Marinha (2017 a 2020).
Aos jornalistas, numa declaração feita a partir da ilha Terceira, nos Açores, o ex-almirante garantiu que "nunca" foi notificado "nem ouvido em nenhuma das qualidades".
"Soube através da [revista] Sábado deste processo. Portanto, não existia sequer a existência desse processo. Mas quero garantir aos portugueses que, em toda a minha vida, só ganhei os ordenados da Marinha. Só tive uma única entidade patronal. A minha vida é transparente. Não tem nenhuma opacidade e nunca beneficiei ninguém a não ser o Estado e a Marinha", sublinhou.
Segundo Gouveia e Melo "o Estado português é muito complexo, a Marinha é muito complexa". "Nós trabalhamos, só para terem uma ideia, nas áreas que eu liderei, mais de 7 mil processos de aquisição anual. Tínhamos uma estrutura administrativa e financeira que fazia isso. Apesar de ser o líder desse setor, tinha uma estrutura por baixo que tratava disso. Portanto, nunca falei ou lidei com fornecedores, não os conheço", explicou, garantindo ainda que "a última palavra" não era sua.
"O sistema estava distribuído e as decisões eram tomadas ao nível mais baixo. Eu tinha outras preocupações para além das administrativas e financeiras. Por exemplo, estava encarregue de todas as operações navais e militares da Marinha. Tinha que salvar pessoas no mar. Um conjunto de outras missões. Portanto, eu tinha estruturas para me assessorarem essas tarefas administrativas e financeiras", realçou.
Aos jornalistas, Gouveia e Melo disse ainda que não conhece "exatamente o que é que está a ser verificado", mas garante que "todo o processo era preparado por uma entidade que era profissional e que fazia esse processo".
"Se alguém me acusar [de proveitos próprios], que me acuse na cara. Só ganhei o meu ordenado. Nunca tive contactos com fornecedores. Portanto, venham-me acusar na cara e com provas. Não venham é insinuar", atirou, lamentando que "a 15 dias do fim do processo eleitoral aparece uma coisa de 2017 ou 2018".
"Não é uma coincidência?", questionou, reiterando que não é "opaco".
"Não tive nenhum empresário que me pagasse, que eu tivesse associado. A minha vida e a minha integridade é o mais importante para mim. Fui sempre íntegro. Recebi os meus salários e tentei decidir todos os meses sempre em favor do Estado, com regras que o Estado impunha", declarou.
Gouveia e Melo lembrou ainda que "muitas vezes" há "missões urgentes", que necessitavam "reabastecimentos com urgência" mas que isso "também era decidido por uma estrutura administrativa e financeira que existia para o efeito e que era constituída por cerca de 40 homens, que estavam debaixo" do seu "comando".
Apesar disso, o ex-almirante e atual candidato a sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa está "disponível" para responder a todas as perguntas das autoridades sobre o assunto.
"Eu sou totalmente transparente. Quem não deve, não teme. Se eu for notificado vou responder. Não tenho nada a esconder. Não fiz nada que me envergonhe. Toda a minha vida só recebi o meu ordenado. Não tratava dos fornecimentos da Marinha", afiançou.
Recorde-se que esta segunda-feira, 29 de dezembro, a revista Sábado revelou que o Ministério Público (MP) de Almada está a investigar vários ajustes diretos aprovados por Henrique Gouveia e Melo enquanto comandante Naval da Marinha (2017 a 2020).
De acordo com a publicação, os investigadores da Polícia Judiciária Militar (PJM) concluíram que houve uma "excessiva concentração de ajustes diretos à empresa Proskipper, entretanto dissolvida em outubro de 2022", e identificaram 57 contratos suspeitos, que foram aprovados por Gouveia e Melo.
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