Gouveia e Melo: "Desvalorizar greve não me parece ser atitude correta"
- 11/12/2025
O almirante Henrique Gouveia e Melo alertou, esta quinta-feira, que "desvalorizar uma greve" não lhe parece ser "uma atitude correta", na sequência da posição manifestada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que considerou que a adesão à paralisação tem sido "inexpressiva".
"Desvalorizar uma greve não me parece ser uma atitude correta. A greve é um direito constitucional. Quando as pessoas decidem fazer uma greve, é porque tem um significado muito específico e devemos respeitar esse significado e perceber que, a seguir, temos de voltar à negociação com vontade de negociar, e não com vontade de exigir ou de achar que a nossa solução é a única. Acho que os trabalhadores merecem o respeito de todos nós", disse, em declarações à imprensa.
O candidato à Presidência da República defendeu ainda que uma "guerra de números não faz sentido", apelando, por isso, a que "os sindicatos, as entidades patronais e o Governo se voltem a sentar à mesa das negociações, porque temos de avançar com uma economia com coesão social, uma economia que motive os trabalhadores, mas que flexibilize".
"Acredito que, com bom senso, esse equilíbrio pode ser encontrado. Não é necessário atacar direitos dos trabalhadores que, ao fim e ao cabo, não vão nem aumentar a nossa competitividade, nem flexibilizar nada", complementou.
Gouveia e Melo vincou, inclusive, que "não há prova evidente que algumas das medidas que estão a ser propostas, que ferem os direitos dos trabalhadores, permitam uma maior produtividade ou competitividade da economia", reiterando a necessidade "de haver bom senso [e] negociação".
"Só coesos e com todos por todos é que vamos avançar para um novo modelo económico", argumentou.
Governo diz que "o país está a trabalhar", sindicados desmentem
Note-se que o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, desvalorizou o impacto da greve geral, cuja adesão disse ser "inexpressiva".
"Esta parece mais uma greve parcial da Função Pública. O país está a trabalhar. A adesão à greve é inexpressiva", disse, numa conferência de imprensa de balanço da greve, em Lisboa.
Entretanto, o responsável frisou que "o país está sereno" e vincou que "uma minoria" aderiu à paralisação.
"Respeitamos a minoria – que é mesmo uma minoria – que se expressou hoje livremente com greves e manifestação, e respeitamos muito também a maioria esmagadora que decidiu trabalhar", disse.
Por outro lado, a CGTP estimou que mais de três milhões de pessoas aderiram à greve, que foi, na ótica do seu secretário-geral, "uma das maiores de sempre, se não a maior de sempre".
"Hoje temos uma grande, grande, grande greve", complementou Tiago Oliveira.
Recorde-se que a greve geral de 11 de dezembro foi convocada pela CGTP e pela UGT contra a proposta de revisão do Código do Trabalho. Trata-se da primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
Greve? "Se o Governo acha que está tudo normal, não está a perceber nada"
O candidato presidencial e líder do Chega, André Ventura, considerou, esta quinta-feira, que se o Governo "acha que está tudo normal, não está a perceber nada do que está a acontecer no país", a propósito da greve geral que paralisou o país.
Daniela Filipe | 18:24 - 11/12/2025
