"Gostava que não levantassem suspeitas. É muito grave", diz Eva Cruzeiro
- 04/12/2025
A deputada socialista Eva Cruzeiro afirmou, esta quinta-feira, que não sabe quem poderá ter adulterado a sua assinatura na reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, surgindo no livro de presença o nome "Evita Perón" e pediu para que não sejam levantadas suspeitas "porque o que aconteceu é muito grave".
Eva Cruzeiro salientou, numa entrevista à RTP Notícias, não ter estado na reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, sublinhando saber "tanto como a maior parte das pessoas", uma vez que não esteve presente.
"Nem imagino quem possa ter feito algo como isto", disse.
Questionada sobre se tem alguma suspeita, a deputada socialista respondeu: "Não, não tenho nenhuma suspeita e gostava que não levantassem suspeitas, porque o que aconteceu é muito grave e a possibilidade de podermos estar a cometer uma injustiça também é muito grande".
Eva Cruzeiro notou que "o ideal" é o assunto ser "tratado internamente pelos serviços da Assembleia da República" e não "apontar culpados" sem certezas ou dados.
"Não existem dados neste momento. Pode ter sido qualquer pessoa. Todos são inocentes até que se prove o contrário", salientou.
Já perguntado sobre como se apercebeu de que a sua assinatura tinha sido forjada, a deputada explicou que estava numa reunião quando a deputada socialista Isabel Moreira - coordenadora da Comissão de Assuntos Constitucionais - lhe mandou uma fotografia do sucedido.
Isabel Moreira disse a Eva Cruzeiro que existia uma assinatura com o seu nome, tendo-a questionado sobre não ter estado naquela comissão por forma a confirmar o sucedido. "Eu não assinei, muito menos com Evita Péron. Sou muito certinha com estas coisas, não brincaria com uma coisa deste género", afirmou, notando que confirmou a Isabel Moreira não ter estado presente.
Eva Cruzeiro adiantou ainda que "foi o Partido Socialista na reunião de líderes que expôs o caso e está já na Comissão da Transparência", acrescentando também que os próprios serviços da Assembleia da República "demonstraram muita preocupação".
"Acabo por ser a pessoa lesada porque se esta situação não tivesse sido notada a tempo e horas, iria ter uma presença numa reunião onde não estive e quem sabe, se no futuro, não me teria de explicar à Assembleia da República e ao povo português. Felizmente, descobriram a tempo e horas e acabo por ficar protegida, se não iria estar numa posição bastante complicada", admitiu.
Sobre se algum dos seus colegas notou algo de estranho naquela comissão, a socialista disse que o que os seus colegas dizem é que quando assinaram, a assinatura de Eva Cruzeiro não estava lá. "Por outro lado, conversei com vários deputados de outros grupos parlamentares e aquilo que me disseram foi que lamentavam a situação, que também não sabiam o que tinha acontecido", disse.
E acrescentou: "De facto, termos isto a acontecer na Assembleia da República é muito grave. Nunca imaginei que fosse possível e percebi que maior parte dos meus colegas pensava que também não seria possível algo do género acontecer. Agora, vai ficar toda a gente em alerta em relação a este tipo de situações".
Questionada sobre se é a primeira vez que uma situação destas acontece, a deputada referiu que, "pelo menos nesta legislatura, sim". "Obviamente que agora a vontade que tenho é de ir ver todas as listas de presença. O meu receio é ser acusada de fraude por ter uma presença onde não estive", frisou.
Já sobre de que forma funciona esta questão da assinatura das presenças, Eva Cruzeiro explicou que, embora dependa da comissão, há "um lugar onde a folha está e os deputados vão assinando conforme vão chegando. Todos os deputados têm acesso".
De notar que esta é a primeira legislatura onde Eva Cruzeiro é deputada.
O que aconteceu?
Na quarta-feira, a deputada socialista Eva Cruzeiro teve a sua assinatura adulterada numa reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, surgindo no livro de presença o nome "Evita Perón" no espaço que está destinado à sua assinatura.
Eva Cruzeiro disse à agência Lusa que não compareceu a essa reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, uma vez que nessa comissão é membro suplente em representação da bancada socialista.
O PS, de acordo com fontes parlamentares, levantou o caso ocorrido com Eva Cruzeiro na reunião de hoje da conferência de líderes. Por sua vez, a Comissão de Assuntos Constitucionais fez uma participação junto da Comissão Parlamentar de Transparência e Estatuto dos Deputados.
Note-se ainda que Eva Cruzeiro é autora de uma queixa contra o deputado do Chega Filipe Melo, cujo processo está em curso na Comissão de Transparência. Por sua vez, Filipe Melo apresentou outra queixa contra a deputada socialista.














