G20. Oxfam lamenta ausência de taxar super ricos no texto final
- 23/11/2025
"É dececionante que os países ricos e os seus aliados tenham diluído o comunicado, claramente assustados pelo fantasma do Presidente Trump. O comunicado não reflete o claro impulso global para taxar os super ricos", observou Max Lawson, chefe de Política e Advocacia sobre Desigualdade da Oxfam, num comunicado divulgado depois de o conteúdo da declaração ser conhecido.
Lawson considerou que, agora que os Estados Unidos tomam o lugar da África do Sul e assumem a presidência rotativa do G20, fórum que reúne as maiores economias do mundo, "nunca foi mais clara a escolha entre um mundo de oligarquia global ou de igualdade".
"A desigualdade é uma escolha política. Tributar os super-ricos, abordar as crises da dívida e climática e investir num futuro mais justo são decisões que os países podem e devem tomar, independentemente de quem estiver no comando do G20", acrescentou.
Ainda assim, celebrou que os Chefes de Estado e de Governo do bloco, reunidos desde sábado no Centro de Exposições Nasrec, tenham finalmente adotado um documento final - por "maioria esmagadora", segundo a presidência sul-africana -, apesar da incerteza inicial gerada pela ausência dos EUA nos debates da cimeira.
"A África do Sul deu um exemplo ao mundo ao garantir que o G20 se mantivesse firme e concordasse coletivamente com uma declaração de líderes - defendendo o multilateralismo - apesar das pressões dos Estados Unidos", destacou a ONG.
Da mesma forma, celebrou que a presidência sul-africana tenha colocado a emergência da desigualdade global no centro da agenda, lembrando que esta é a primeira reunião de líderes mundiais "na história" em que isso acontece.
"Este é um testemunho da liderança da África do Sul, que colocou os biliões de pessoas antes dos bilionários", observou Lawson.
Os líderes reunidos em Joanesburgo adotaram a declaração na manhã de sábado, tendo mudado a agenda de última hora, já que o documento final costuma ser aprovado no fim da cimeira.
O texto defende a "cooperação multilateral" e inclui resoluções sobre mudanças climáticas, minerais críticos, sustentabilidade da dívida e o compromisso de trabalhar pela paz em conflitos de acordo com a Carta da ONU.
A declaração foi aprovada apesar da rejeição da Argentina, que alegou não poder apoiá-la devido a "discrepâncias" com o texto acordado, e apesar das pressões da Casa Branca sobre a África do Sul para que não aprovasse uma declaração de líderes na ausência de uma delegação norte-americana.
Leia Também: Líderes do Japão e Reino Unido reafirmam cooperação na área da segurança













