Futuro da Guiné-Bissau dependente das decisões da cimeira da CEDEAO
- 01/12/2025
Uma delegação da CEDEAO reuniu-se hoje com o Alto Comando Militar que tomou o poder em 26 de novembro e, no final do encontro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, e o homólogo Timothy Mussa Kabba, da Serra Leoa, país que preside à organização, fizeram um balanço do encontro.
O diplomata guineense indicou que o Governo de transição e a CEDEAO vão continuar a trabalhar juntos e que os próximos passos dependerão da cimeira da CEDEAO.
"Foi definido um prazo de um ano para a transição, mas obviamente isso será submetido à conferencia de chefes de Estado e do Governo, no dia 14 de dezembro, e em função dessa decisão nós saberemos como fazer e como proceder", disse, em resposta a uma pergunta dos jornalistas.
O novo ministro dos Negócios Estrangeiros, que tomou posse no sábado, disse ainda que do encontro de hoje "ficou muito claro que a CEDEAO não irá abandonar a Guiné-Bissau neste momento muito difícil" e que irão continuar a trabalhar em conjunto na procura de "uma solução o mais rapidamente possível para a restauração da ordem constitucional".
João Bernardo Vieira anunciou ainda que a delegação da CEDEAO "terá um encontro hoje com a CNE (Comissão Nacional de Eleições) e, em função disso, vão ter essa informação sobre os dados reais do processo eleitoral".
Sobre os detidos nos últimos dias, nomeadamente políticos da oposição, o diplomata confirmou a preocupação da CEDEAO sobre a libertação imediata, indicando que "o Alto Comando Militar comprometeu-se a encontrar as melhores soluções para que isso possa ser resolvido o quanto antes".
O ministro guineense e o homólogo da Serra Leoa consideraram a reunião de hoje "muito produtiva", durante a qual o Alto Comando Militar, como descreveram, "teve a oportunidade de explicar as razões que conduziram ao golpe de Estado e a CEDEAO mostrou-se disponível para continuar a trabalhar com a Guiné-Bissau".
O chefe da diplomacia da Serra Leoa reiterou o empenho conjunto na procura de um "acordo para fazer regressar o país à ordem constitucional, ao desenvolvimento e segurança e estabilidade da população da Guiné-Bissau".
A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.
As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes em 23 de novembro e, um dia depois, o candidato da oposição, apoiado pelo histórico partido PAIGC, excluído das eleições, Fernando Dias, reclamou vitória na primeira volta sobre o Presidente Embaló.
Na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou Presidente de transição, o general Horta Inta-A.
O general Horta Inta-A anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.
No sábado, foi empossado um novo Governo de transição com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.
No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
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