Freiras que fugiram do lar podem ficar no convento, mas há vários senãos
- 29/11/2025
As irmãs Bernadette, Regina e Rita, que fugiram do lar onde residiam contra a sua vontade, desde dezembro de 2023, poderão ficar no convento Goldenstein, em Elsbethn, nos arredores de Salzburgo, na Áustria, para onde regressaram, no início de setembro deste ano. Contudo, há um senão: têm de deixar de publicar nas redes sociais, entre outras exigências.
As idosas de 88, 86 e 82 anos ganharam popularidade um pouco por todo o mundo, depois de terem voltado a instalar-se no castelo Goldenstein – que é um convento e uma escola privada para raparigas, desde 1877 –, onde passaram a maioria da vida, com a ajuda de antigos alunos e de um serralheiro. O trio arrecadou, inclusive, milhares de seguidores nas redes sociais, particularmente no Instagram.
Desde então, as religiosas têm contado com a ajuda de terceiros, que lhes levam mantimentos e roupa, e lhes prestam cuidados médicos e de segurança. Aliás, foi instalado um elevador, para que as idosas consigam chegar ao terceiro andar do edifício.
O abade Markus Grasl, superior hierárquico das freiras, considerou, na altura, que a decisão das religiosas era "completamente incompreensível", e chegou a acusá-las de quebrar o seu voto de obediência. Contudo, na sexta-feira, a Igreja apontou que o trio poderá ficar no convento "até prova em contrário", com acesso a cuidados de saúde adequados. Um padre também estará disponível para celebrar as missas, até então realizadas quase na clandestinidade.
Mas, em contrapartida, as freiras terão não só de abandonar as redes sociais, como parar de receber visitas nos claustros. Também terão de deixar de estar em contacto com os meios de comunicação social e de demitir "com efeito imediato" a sua equipa jurídica. Caso o seu estado de saúde se deteriore, serão colocadas na lista de espera do lar de Elsbethn, noticiou o The Guardian.
Trio recusou proposta, que disse ser "restritiva"
As freiras, por seu turno, negaram terem sido consultadas quanto à proposta, que classificaram como vaga, unilateral e "sem quaisquer compromissos juridicamente vinculativos". Ressentiram também o "carácter restritivo" do plano, que as proibiria de procurar ajuda externa ou de recorrer às redes sociais.
"Em particular, a promessa divulgada nos meios de comunicação social de que as irmãs poderiam permanecer no convento carece de qualquer força legal, devido à inclusão da cláusula: ‘Até prova em contrário.’ Portanto, não tem valor jurídico", argumentaram, no comunicado divulgado pelos seus apoiantes.
Nessa linha, o trio reforçou que, para chegar a um acordo, os representares da Igreja terão de "dialogar com as pessoas visadas, levar a sério as suas reivindicações e necessidades, e declarar a sua disponibilidade para chegar a uma solução que seja justa e em conformidade legal".
Entretanto, o porta-voz do abade, Harald Schiffl, disse ao Krone que a decisão está nas mãos do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (DICLSAL), responsável pelas ordens religiosas em todo o mundo, perante o qual as freiras terão de expor o seu caso.
"Roma tratará do assunto e decidirá o que fazer", apontou Schiffl àquele jornal.
"Fui obediente a vida toda". Freiras fogem do lar e voltam a convento
Três freiras de 88, 86 e 82 anos fugiram do lar onde residiam contra a sua vontade, desde dezembro de 2023, e regressaram ao convento Goldenstein, na Áustria, no início deste mês.
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