França ameaça impor taxas aduaneiras à China "nos próximos meses"
- 07/12/2025
O Presidente de França, Emmanuel Macron, ameaçou hoje a China com taxas aduaneiras "nos próximos meses" caso Pequim não tome medidas para reduzir o excedente comercial face à União Europeia.
"Disse-lhes que, se não reagirem, nós, europeus, seremos obrigados num futuro muito próximo a tomar medidas drásticas [...] como os Estados Unidos, como por exemplo direitos aduaneiros sobre produtos chineses", disse o presidente francês em entrevista hoje ao jornal francês Les Echos, no regresso da viagem oficial à China.
Washington impôs tarifas elevadas sobre os produtos chineses. Em outubro, no âmbito de um acordo entre a China e os Estados Unidos, foram reduzidas de 57% para 47%.
Segundo Macron, a política comercial chinesa está "a atingir o cerne do modelo industrial e de inovação europeu, historicamente baseado em máquinas-ferramenta e automóveis", e o protecionismo da administração norte-americana ainda piora a situação pois faz redirecionar os fluxos comerciais chineses para os mercados europeus.
"É uma questão de vida ou de morte para a indústria europeia", lamentou.
Macron admitiu, contudo, que uma frente europeia unida face à China não é fácil, uma vez que a Alemanha tem uma presença significativa no país.
"Ainda não está totalmente do nosso lado", disse, sobre a Alemanha.
Para Emmanuel Macron, para reduzir o seu défice comercial com a China, a União Europeia também deve aceitar investimentos chineses.
"Não podemos importar constantemente. As empresas chinesas precisam de vir para a Europa", argumentou ao jornal Les Echos, mas vincando que os investimentos chineses na Europa "não devem ser predatórios, isto é, feitos com o objetivo de hegemonia e de criação de dependências".
Já a União Europeia, defendeu, deve proteger os seus setores mais vulneráveis ?--- como a indústria automóvel, que enfrenta o efeito avassalador dos veículos elétricos chineses --- e, simultaneamente, "retomar uma política de competitividade".
Para o Presidente de França, tal exige "simplificação, aprofundamento do mercado único, investimento na inovação, proteção justa das fronteiras [europeias], concretização da união aduaneira (...) e uma política monetária ajustada".
A relação entre a China e a União Europeia é caracterizada por um enorme défice comercial (357,1 mil milhões de dólares, 306,3 mil milhões de euros) em detrimento da UE. A França considera as práticas comerciais chinesas desleais.
Na visita à China, onde se reuniu várias vezes com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, Macron fez-se acompanhar por 35 líderes de grandes grupos empresariais (incluindo Airbus, EDF e Danone) e empresas familiares, do setor de luxo ao agroalimentar.
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