Força da ONU no Líbano regista 10 mil violações de cessar-fogo num ano
- 20/11/2025
"Desde o acordo de cessar-fogo do ano passado, a FINUL registou mais de 7.500 violações aéreas, quase 2.500 violações terrestres a norte da Linha Azul [zona desmilitarizada entre o Líbano e Israel] e mais de 360 ??depósitos de armas abandonados que foram transferidos para as Forças Armadas libanesas", indicaram os militares das Nações Unidas.
A FINUL observou que a fronteira entre os dois países permanece frágil e que as suas forças a patrulham diariamente, em colaboração com as tropas libanesas, para prevenir uma escalada das hostilidades e ajudar a restabelecer a segurança no sul do Líbano.
A missão da ONU tem a incumbência de documentar as violações do cessar-fogo dentro da sua área de operações, que se estende do rio Litani até à linha divisória.
Desse modo, não inclui registos dos frequentes ataques israelitas a norte do Litani, nem no leste do Líbano.
Israel intensificou os bombardeamentos nas últimas semanas, apesar da trégua em vigor, que justifica com violações do entendimento por parte do Hezbollah.
Na passada terça-feira, as forças israelitas realizaram o ataque mais grave no último ano, ao atingirem o campo de refugiados palestinianos de Ain el-Helweh, perto da cidade de Sidon, no sul do país e a norte do rio Litani.
Israel argumentou que visou um campo de treino dos islamitas palestinianos do Hamas, que por sua vez refutou esta alegação.
No passado fim de semana, a FINUL acusou Israel de alvejar os seus soldados, sem provocar feridos, pedindo o fim dos seus ataques e "comportamentos agressivos" no Líbano.
Os militares israelitas afirmaram que as suas tropas confundiram os soldados internacionais com pessoas suspeitas, devido ao mau tempo que se fazia sentir, embora não tenha sido o primeiro incidente deste tipo.
No final de outubro, as Nações Unidas e a França já tinham relatado disparos israelitas perto das tropas internacionais no sul do Líbano e, no mês anterior, a FINUL acusou Israel de usar drones para lançar granadas junto das suas posições.
A FINUL continua entretanto a dar conta da descoberta de arsenais deixados pelo Hezbollah na faixa fronteiriça, onde as suas milícias terão abandonado a atividade militar em conformidade com o acordo em 27 de novembro de 2024.
Mais recentemente, na passada sexta-feira, a missão das Nações Unidas criticou Israel pela construção de muros em território libanês perto da fronteira, o que mereceu uma queixa de Beirute ao Conselho de Segurança da ONU.
O exército israelita rejeitou as acusações, reconhecendo, no entanto, que está a erguer uma barreira de reforço ao longo da linha de demarcação entre Israel e o Líbano.
O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado pelo Irão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.
Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a direção do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros responsáveis da hierarquia política e militar do Hezbollah.
Desde o cessar-fogo, o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais e deslocou efetivos para a zona da fronteira com Israel, tradicionalmente um reduto do Hezbollah e onde as tropas israelitas ainda mantêm posições militares.
A FINUL termina o mandato em 2026, depois de quase cinco décadas no terreno.
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