FMI diz que desafios de financiamento tornaram-se agudos em Moçambique
- 22/11/2025
"Os desafios de financiamento do governo tornaram-se agudos; ações políticas decisivas e coordenadas são fundamentais para restaurar a estabilidade macroeconómica e lidar com os desequilíbrios externos", dizem os técnicos do Fundo numa nota divulgada na sequência da visita ao país para debates sobre a publicação do Artigo IV, a análise económica anual do FMI aos seus membros.
A atividade económica, diz a missão liderada por Pablo Lopez-Murphy, "está a recuperar gradualmente de uma contração abrupta durante o último trimestre de 2024, e as pressões inflacionárias estão moderadas".
O crescimento económico, prevê o Fundo, vai "permanecer moderado, uma vez que desafios como um ambiente de financiamento restrito, incerteza política e escassez de divisas estão a impedir um crescimento mais rápido".
O ambiente macroeconómico é "complexo", diz o FMI, apontando que apesar de a inflação permanecer controlada e a atividade económica esteja a recuperar gradualmente dos confrontos que se seguiram às eleições presidenciais do final do ano passado, "o crescimento continua moderado" e as perspetivas de evolução da economia "são marcadas por uma incerteza significativa".
Na nota que ainda terá de ser validada pela direção do FMI, quando for divulgada a totalidade da análise anual à economia moçambicana, chefe de missão do Fundo para o país escreve ainda que o anúncio de retoma dos trabalhos pela TotalEnergies e o levantamento de 'força maior' pela Exxon oferecem "um potencial impulso ao crescimento a médio prazo", o mesmo acontecendo com a recente saída de Moçambique da lista cinzenta do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI)" devido aos esforços das autoridades de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.
Na nota, que surge num contexto de discussões com o Fundo para o lançamento de um novo programa de financiamento externo, o FMI diz que "um pacote de políticas coordenadas que inclua uma consolidação orçamental urgente, protegendo simultaneamente os mais vulneráveis e pobres, uma maior flexibilidade cambial e reformas estruturais para melhorar a governação e promover o crescimento liderado pelo setor privado ajudaria Moçambique a enfrentar os seus desafios".
Este pacote de políticas, acrescenta, podia ajudar a superar os "significativos desafios" de Moçambique, nomeadamente as "elevadas vulnerabilidades orçamentais e da dívida, incluindo os pagamentos em atraso do governo, que continuam a pesar sobre as perspetivas de crescimento a curto prazo do país, e as pressões cambiais, que aumentam os desafios".
"Sem uma ação política decisiva, as vulnerabilidades podem agravar-se, comprometendo a estabilidade macroeconómica e o bem-estar da população", conclui o FMI, que em outubro previa um crescimento económico de 2,5% para este ano e uma inflação de 4,9%.
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