Fim dos carros de combustão em 2035? Líder europeu defende flexibilidade
- 11/11/2025
A concorrência competitiva da China está a ser um forte desafio para o construtores automóveis europeus. Stéphane Séjourné, vice-presidente da Comissão Europeia encarregue pela Indústria e Estratégia Industrial, está preocupado e defende medidas.
O governante comunitário sublinhou ao jornal italiano La Stampa que, na próxima década, a indústria europeia pode sofrer uma queda significativa: "Se não agirmos, dentro de dez anos o número de carros produzidos e vendidos na Europa cairá de 13 para nove milhões".
Frisou, depois, que "não é aceitável" que existam fabricantes a produzir carros chineses na Europa com os componentes e mão-de-obra igualmente chineses - algo que, segundo as suas palavras, acontece em Espanha e na Hungria.
E admitiu estar preocupado com o crescimento dos construtores da China no mercado: "As estimativas sugerem que, em 2035, a quota do mercado europeu irá cair de 70 para 55 por cento. Ainda piores são os números relativos aos componentes: dos atuais 85 por cento, iremos cair para menos de 50 por cento".
Questionado sobre que medidas devem ser tomadas de forma a proteger o setor automóvel, Stéphane Séjourné falou em três eixos diferentes: "Três coisas são necessárias. Primeiro, devemos ser flexíveis quanto ao objetivo de acabar com os carros de motores de combustão até 2035. A discussão ainda está a decorrer, mas estamos próximos de adotar o princípio da neutralidade tecnológica".
A proposta de soluções para tal, disse o líder de Bruxelas, cabe aos engenheiros. Mas também salientou: "Também precisamos de definir o que é que significa carro europeu. Deve ser simples, não acrescentar burocracia e pôr-nos numa posição de responder à concorrência chinesa".
Por outro lado, Stéphane Séjourné entende que é necessária uma diversificação dos mercados de exportação, havendo atualmente negociações com a Índia quando existem tarifas de 150 por cento sobre carros importados da Europa naquele que é um dos países mais populados do mundo.
De recordar que, em dezembro, deverão ser conhecidos novos detalhes sobre a estratégia da União Europeia para os setor automóvel. Em cima da mesa, está a criação de uma nova categoria de carros elétricos acessíveis de pequenas dimensões - uma espécie de kei cars europeus - para combater os fabricantes chineses.
Também foi antecipada a revisão da meta de emissões, na sequência da pressão por parte das empresas do setor quando a transição para automóveis elétricos decorre a um ritmo inferior ao esperado.
Nas últimas semanas, a indústria automóvel também tem vindo a lidar com a escassez de chips devido à situação na Nexperia - o que volta a expor a dependência da China para o fornecimento de terras raras e componentes essenciais. Stéphane Séjourné defendeu a procura de novas fontes de abastecimento, revelando que em breve irá fechar acordos na África do Sul e no Brasil.
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