Europa apresenta contraproposta a plano de paz para a Ucrânia. O que diz?
- 23/11/2025
Os líderes da União Europeia (UE), presentes este domingo nas negociações com a Ucrânia e os Estados Unidos, em Genebra, na Suíça, apresentaram uma contraproposta ao plano de paz norte-americano.
Segundo o The Telegraph, que teve acesso ao documento, o plano europeu "difere drasticamente" do plano de 28 pontos apresentado pela administração de Donald Trump, que respondia à maioria das exigências da Rússia, incluindo a cedência de território, redução do Exército e renúncia à adesão à NATO.
Uma das principais diferenças prende-se, precisamente, com o exército da Ucrânia, com o plano europeu a exigir que não haja qualquer restrição ao tamanho das forças armadas ucranianas.
O plano europeu também não proíbe a Ucrânia de aderir à NATO, deixando a decisão final ao "consenso dentro da aliança". Além disso, refere que a Ucrânia "não seria forçada a ser neutra" e teria a liberdade de convidar "forças amigas" para operar no seu território.
A contraproposta exige "um cessar-fogo total e incondicional no ar, em terra e no mar", que seria monitorizado pelos Estados Unidos e pela Europa, e Ucrânia receberia "garantias de segurança robustas e juridicamente vinculativas, incluindo dos EUA, para prevenir futuras agressões".
Eis a contraproposta europeia de 24 pontos na íntegra:
- Fim da guerra e acordos para garantir que não se repita, estabelecendo uma base permanente para a paz e a segurança duradouras;
- Ambas as partes em conflito comprometem-se com um cessar-fogo total e incondicional no ar, em terra e no mar;
- Ambas as partes iniciam imediatamente negociações sobre a implementação técnica da monitorização do cessar-fogo com a participação dos EUA e dos países europeus;
- É introduzida a monitorização internacional do cessar-fogo liderada pelos EUA e realizada pelos parceiros da Ucrânia. A monitorização será predominantemente remota, utilizando satélites, drones e outras ferramentas tecnológicas, com uma componente terrestre flexível para investigar alegadas violações;
- Será criado um mecanismo através do qual as partes poderão apresentar relatórios de violações do cessar-fogo, bem como para investigar essas violações e discutir medidas corretivas;
- A Rússia devolverá incondicionalmente todas as crianças ucranianas deportadas e deslocadas ilegalmente. O processo será apoiado por parceiros internacionais;
- As partes em conflito trocarão todos os prisioneiros de guerra (o princípio de "todos por todos"). A Rússia libertará todos os civis detidos;
- Ao garantir a sustentabilidade do cessar-fogo, as partes em conflito tomam medidas de assistência humanitária, incluindo visitas familiares ao longo da linha de contacto;
- A soberania da Ucrânia é respeitada e reafirmada. A Ucrânia não é forçada a ser neutra;
- A Ucrânia recebe garantias de segurança robustas e juridicamente vinculativas, incluindo dos EUA (acordo semelhante ao artigo 5.º), para prevenir futuras agressões;
- Não são impostas restrições às Forças de Defesa da Ucrânia e à indústria de defesa, incluindo a cooperação internacional;
- Os estados garantes serão um grupo 'ad hoc' de países europeus e países não europeus dispostos a colaborar. A Ucrânia tem liberdade para decidir sobre a presença, o armamento e as operações das forças amigas convidadas pelo governo ucraniano no seu território;
- A adesão da Ucrânia à NATO depende do consenso no seio da aliança;
- A Ucrânia torna-se membro da UE;
- A Ucrânia está pronta para permanecer um Estado não nuclear sob o TNP;
- As questões territoriais serão discutidas e resolvidas após um cessar-fogo completo e incondicional;
- As negociações territoriais iniciam-se na atual linha de controlo;
- Uma vez acordadas as questões territoriais, tanto a Rússia como a Ucrânia comprometem-se a não as alterar pela força;
- A Ucrânia recupera o controlo da Central Nuclear de Zaporíjia (com participação dos EUA) e também da Barragem de Kakhovka. Um mecanismo de transferência de controlo será estabelecido;
- A Ucrânia goza de livre passagem pelo rio Dnipro e do controlo da Bacia de Kinburn;
- A Ucrânia e os seus parceiros implementam a cooperação económica sem restrições;
- A Ucrânia será totalmente reconstruída e compensada financeiramente, incluindo através de ativos soberanos russos que permanecerão congelados até que a Rússia indemnize os danos causados à Ucrânia;
- As sanções impostas à Rússia desde 2014 podem ser gradualmente flexibilizadas e parcialmente após a conquista de uma paz sustentável e podem ser retomadas em caso de violação do acordo de paz (restabelecimento automático das sanções);
- Serão iniciadas negociações separadas sobre a Arquitetura de Segurança Europeia, incluindo todos os Estados da OSCE.
Recorde o plano de paz de Trump ponto por ponto:
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