EUA matam "terroristas" após alerta: Caracas tem "direito a defender-se"
- 15/09/2025
Três pessoas, consideradas "terroristas" pelo governo norte-americano, morreram esta segunda-feira num ataque dos Estados Unidos perto da costa da Venezuela.
A ofensiva foi levada a cabo pelas forças militares dos EUA destacadas na região do Caribe, que têm como objetivo combater alegados "cartéis de narcotráfico e narcoterroristas extraordinariamente violentos", na "área de responsabilidade do SOUTHCOM", o comando militar norte-americano para a América do Sul.
O ataque foi anunciado pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, na sua rede social, Truth Social.
"O ataque ocorreu enquanto estes confirmados narcoterroristas da Venezuela se encontravam em águas internacionais a transportar narcóticos ilegais (UMA ARMA MORTAL QUE ENVENENA AMERICANOS!) com destino aos Estados Unidos", afirmou o chefe de Estado.
E acrescentou: "Estes cartéis de tráfico de droga extremamente violentos REPRESENTAM UMA AMEAÇA à Segurança Nacional, à Política Externa e aos interesses vitais dos EUA".
Na mesma publicação, Trump afirmou ainda que nenhum militar norte-americano foi ferido no ataque e deixou um aviso contra grupos envolvidos no narcotráfico.
"ATENÇÃO - SE ESTÁ A TRANSPORTAR DROGAS QUE PODEM MATAR AMERICANOS, ESTAMOS A DAR-LHE CAÇA!", sublinhou o presidente norte-americano.
"As atividades ilícitas destes cartéis têm causado CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS NAS COMUNIDADES AMERICANAS HÁ DÉCADAS, matando milhões de cidadãos americanos. NUNCA MAIS”, frisou.
Venezuela de relações "cortadas" e pronta para responder aos EUA
O mais recente ataque das forças militares norte-americanas surge pouco depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter alertado que Caracas vai exercer o seu "legítimo direito a defender-se" da "agressão militar em curso".
"Não é uma forma de tensão, é uma agressão em grande escala, uma agressão judicial quando nos criminalizam, uma agressão política com as suas declarações ameaçadoras diárias, uma agressão diplomática e uma agressão militar contínua", afirmou.
"[Há] uma agressão de caráter militar em curso, e a Venezuela está habilitada, pelo direito internacional, a responder-lhe" e exercerá o seu "legítimo direito a defender-se", alertou Maduro, em conferência de imprensa, considerando "cortadas" as relações diplomáticas entre os dois países.
"A Venezuela está sempre pronta para o diálogo, mas exigimos respeito". (...) "Nenhuma das nossas diferenças justifica um conflito militar de grande impacto na América do Sul", adiantou.
O chefe de Estado venezuelano acusou também o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio - um feroz crítico de Maduro, cuja reeleição os Estados Unidos não reconhecem - de ser um "senhor da morte e da guerra".
Maduro referiu-se ainda à abordagem por um "grupo de 18 fuzileiros fortemente armados" de uma embarcação venezuelana que, afirmou, estavam a pescar em "águas sob jurisdição venezuelana".
"Quem deu a ordem em Washington para que um contratorpedeiro de mísseis enviasse 18 fuzileiros armados para atacar um navio de pesca de atum?", questionou Maduro, em Caracas.
Para o presidente venezuelano, o objetivo foi "procurar um incidente militar", no que qualificou como um "sequestro" e uma "vergonha".
Forças militares dos EUA mataram 11 pessoas a semana passada
Já a semana passada, um outro incidente tinha levado à morte de 11 pessoas, consideradas por Trump "narcoterroristas". O presidente identificou os mortos como membros do cartel Tren de Aragua - um grupo criminoso venezuelano estabelecido em vários países e classificado por Washington como organização terrorista.
Sob pretexto de combater o narcotráfico, nas últimas semanas os Estados Unidos enviaram para perto da costa venezuelana oito navios de guerra com mísseis e um submarino nuclear, com um total de 4.000 soldados.
Washington acusa o presidente venezuelano de liderar uma rede de narcotráfico e recentemente aumentou a recompensa pela sua captura para 50 milhões de dólares.
Em consequência da tensão crescente entre os dois países, Maduro tem vindo a apelar à população venezuelana para que se aliste na milícia, um corpo altamente politizado, criado pelo falecido presidente Hugo Chávez.
Na sexta-feira, 12 de setembro, durante uma cerimónia televisiva perante os jovens do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Maduro anunciou uma chamada aos quartéis "para receber formação e aprender nos campos de tiro a atirar em defesa da pátria".
O chefe de Estado da Venezuela anunciou também um plano de defesa e o envio de 25 mil membros das forças armadas para as fronteiras, em resposta ao envio de militares norte-americanos para as proximidades do território venezuelano.
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