EUA convocam embaixadores de carreira para ampla remodelação diplomática
- 22/12/2025
De acordo com várias fontes da agência France-Presse (AFP), os chefes de missão - maioritariamente diplomatas de carreira - foram notificados de que deverão abandonar os seus postos até ao final de janeiro.
Esta medida deverá abranger diplomatas em quase 30 países.
África é o continente mais afetado pelas alterações, com substituições planeadas para embaixadores de 13 países: Burundi, Camarões, Cabo Verde, Gabão, Costa do Marfim, Madagáscar, Maurícias, Níger, Nigéria, Ruanda, Senegal, Somália e Uganda.
Em segundo lugar, está a Ásia, com mudanças de embaixadores em seis países: Fiji, Laos, Ilhas Marshall, Papua Nova Guiné, Filipinas e Vietname.
Quatro países da Europa (Arménia, Macedónia, Montenegro e Eslováquia) são afetados; assim como dois no Médio Oriente (Argélia e Egito); dois no sul e centro da Ásia (Nepal e Sri Lanka), e dois na América do Sul (Guatemala e Suriname).
Embora seja habitual um novo governo substituir embaixadores em postos estratégicos por nomeados políticos, a convocação em massa de diplomatas de carreira é considerada invulgar, uma vez que estes costumam permanecer nos cargos até ao fim do mandato ou até à nomeação de um sucessor.
A Associação Diplomática Americana (AFSA), que representa funcionários do Departamento de Estado, afirmou ter recebido "relatos de membros de todo o mundo" indicando que vários embaixadores de carreira receberam ordens telefónicas para abandonar os seus cargos até 15 ou 16 de janeiro, sem que lhes fosse apresentada qualquer justificação.
"Nenhuma explicação foi dada para estas convocatórias", afirmou a associação numa publicação nas redes sociais, alertando que a demissão de diplomatas séniores "mina a credibilidade dos Estados Unidos no estrangeiro" e envia "um sinal preocupante" ao corpo diplomático profissional.
O Departamento de Estado norte-americano, equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, não confirmou os detalhes nem a lista de países afetados, explicando que se trata de "um processo padrão em qualquer governo".
Um alto funcionário do Departamento, sob anonimato, sublinhou que "um embaixador é um representante pessoal do Presidente" e que o chefe de Estado "tem o direito de garantir que tem pessoas nesses países que promovam a agenda 'América Primeiro'".
Desde o regresso de Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano, o Departamento de Estado tem conduzido uma profunda reorganização da diplomacia norte-americana, centrada em prioridades como o combate à imigração ilegal, o fim de programas ligados a políticas de diversidade e a redução da ajuda externa.
O secretário de Estado, Marco Rubio, supervisionou pessoalmente o despedimento de centenas de funcionários do seu Departamento, bem como a eliminação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), ao mesmo tempo que Trump tem nomeado aliados políticos para vários postos diplomáticos no estrangeiro.
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