Estudo diz que Europa deve reforçar o equilíbrio de poder com a Rússia
- 05/11/2025
"Os países europeus têm o potencial necessário --- ou seja, os recursos económicos, as capacidades militares e o conhecimento tecnológico --- para confrontar a Rússia até 2030, desde que demonstrem vontade política", vincou à agência France-Presse (AFP) Thomas Gomart, diretor do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI) e responsável pelo estudo intitulado "Europa-Rússia: Avaliando o Equilíbrio de Poder".
Na frente militar, embora os exércitos europeus usufruam de uma vantagem significativa nos domínios aéreo, naval, cibernético e espacial, "a Rússia detém uma vantagem fundamental em terra devido ao seu poder de fogo e dimensão, em comparação com os exércitos europeus, que são totalmente inadequados para este tipo de conflitos", defendeu o especialista.
A Europa deve, por isso, "acelerar os esforços para colmatar as lacunas de pessoal e de capacidade", particularmente em termos de stocks de munições, capacidade de ataque profundo e defesa aérea.
Enquanto as forças terrestres russas totalizam aproximadamente 550.000 militares, "até 2025, 20 dos 30 Estados-membros da NATO e da UE terão forças terrestres profissionais com menos de 15.000 militares".
Em caso de uma grande operação, a maior parte das forças teria de ser fornecida por apenas seis países, incluindo França, Reino Unido e Alemanha, pode ler-se no relatório.
Em termos orçamentais, os países da União Europeia aumentaram significativamente as suas despesas militares desde a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin, em fevereiro de 2022.
No entanto, é essencial que os países europeus membros da NATO destinem, em última instância, 5% da sua riqueza nacional à defesa, em conformidade com o objetivo estabelecido pela NATO e pelos Estados Unidos, de acordo com o estudo do IFRI, que recebeu o apoio do Ministério das Forças Armadas de França.
Além disso, a Europa "manteve uma economia em tempo de paz" e "tem lutado para traduzir o aumento das despesas num aumento proporcional da produção industrial", lamentam os autores do relatório, apontando, em particular, para a lenta expansão da produção de mísseis.
"A melhor forma de lidar com a Rússia é apoiar a Ucrânia e abordar as lacunas militares críticas", concluiu Thomas Gomart.
"Se os europeus não conseguirem manter a sua unidade, se enfrentarem uma retirada americana e uma derrota ucraniana, o risco de um confronto direto entre a Rússia e a Europa aumentaria consideravelmente", alertou ainda.
Por fim, face à agressão híbrida russa (ataques cibernéticos e de informação, sabotagem, espionagem, etc.), a UE deve "adotar uma postura mais assertiva e proativa", aplicando rigorosamente as sanções, restringindo a disseminação dos meios de comunicação pró-Kremlin e intensificando os processos judiciais contra atividades clandestinas, sugeriram ainda os autores do estudo.
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