Estudantes iniciam hoje semana de protestos contra combustíveis fósseis
- 17/11/2025
Durante esta semana, estudantes do ensino secundário e superior vão "parar a normalidade das escolas" para chamar a atenção para a "inação do Governo que não promove medidas que garantam o fim ao fóssil [combustíveis fósseis] até 2030", disse à Lusa Leonor Chicó, do movimento Greve Climática.
Por volta das 10:30, dezenas de estudantes daquela escola artística lisboeta saíram das aulas e concentraram-se em protesto, gritando palavras de ordem e com faixas com inscrições como "Fim ao Fóssil até 2030" e "Estudar para que futuro?".
"Há um ano, vários estudantes juntaram-se para entregar uma carta ao Governo a exigir que se comprometesse com o fim dos combustíveis fosseis até 2023, o único plano que temos para travar a crise climática. Nessa carta deixamos bem claro que caso não o fizesse, os estudantes iriam paralisar as suas escolas e realizar uma semana de protestos para assegurar o seu próprio futuro, porque o Governo não o está a fazer", explicou Leonor Chicó, em declarações à Lusa.
Para além da Escola Artística António Arroio, os protestos dos estudantes aconteceram também no Liceu Camões, Escola Secundária Pedro Nunes e Escola Secundária Ribeiro Sanches, segundo a jovem ambientalista.
No ensino superior, está confirmada a presença de estudantes da Universidade Nova de Lisboa - da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Faculdade de Ciências e Tecnologia e Nova Medical School - assim como alunos da cooperativa artística Ar.CO, acrescentou Leonor Chicó.
Além da luta contra a indústria dos combustíveis fósseis, os estudantes pretendem lembrar as pessoas afetadas na passada semana pelo mau tempo em Portugal, como "o casal sénior que morreu afogado dentro da sua própria casa".
"Estas últimas mortes que vimos acontecer em Portugal devido a catástrofes climáticas vão intensificar-se cada vez mais e nós não vamos deixar que estas situações se normalizem", defendeu Leonor Chicó.
O final da semana de protestos deverá coincidir com o fim da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que está a decorrer na cidade amazónica de Belém.
Segundo dados do Global Carbon Project (GCP), realizado por 130 cientistas internacionais, as emissões de dióxido de carbono (CO2) ligadas aos combustíveis fósseis devem atingir um novo recorde este ano.
As emissões de CO2 provenientes do carvão, petróleo e gás serão 1,1% superiores às de 2024, atingindo 38,1 mil milhões de toneladas (Gt CO2), um valor superior ao aumento médio anual dos últimos dez anos, que foi de 0,8, refere o estudo, que confirma ser praticamente "impossível" limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C.
Um outro relatório alertou para o facto de os países estarem a falhar na redução das emissões e quererem resolver o problema apostando numa remoção irrealista de carbono, como a promoção de plantio de árvores em larga escala.
Segundo o "Land Gap 2025", os países estão a apostar em esforços impraticáveis baseados na terra para alcançar emissões líquidas zero, em vez de buscar soluções climáticas mais realistas, como a proteção das florestas existentes e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
Os estudantes vão continuar os protestos durante toda a semana e no sábado realizam uma marcha intitulada "O nosso futuro não está à venda", que começará no Largo de Camões e terminará na Assembleia da República.
Leia Também: Catarina Martins mostra-se solidária com vítimas de Albufeira













