Espólio do escritor Fernando Assis Pacheco doado à Biblioteca Nacional
- 30/11/2025
"O acervo destaca-se particularmente pela coleção de manuscritos que testemunham a atividade de Fernando Assis Pacheco (1937-1995) enquanto jornalista e escritor", disse à agência Lusa fonte da BNP.
O conjunto documental "é composto por manuscritos (cadernos de notas, provas tipográficas com cortes da Censura, poemas, materiais preparatórios de obras), correspondência variada, documentos biográficos, recortes de imprensa e pastas organizadas por cada obra publicada", esclareceu a mesma fonte.
Quanto à correspondência, reúne cartas enviadas pelo autor aos pais a partir de Angola, onde esteve em missão militar, e um conjunto de cartas dirigidas à filha Ana.
O espólio entregue contém também apontamentos genealógicos, documentação da Queima das Fitas, em Coimbra, e papéis enviados pela mãe do autor durante o seu serviço militar no Alentejo.
Do acervo fazem ainda parte "alguns impressos, como a revista K (1992) e o livro 'Made in Lisbon', e uma coleção de desenhos de infância dos filhos, anotados pelo autor".
O termo de doação foi assinado pelos herdeiros, na passada quarta-feira, assinala a BNP.
"No dia 26 de novembro de 2025, a sua esposa e os seis filhos assinaram o termo de doação do espólio, que passou a integrar o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal. Este gesto simbólico, realizado precisamente 30 anos depois da sua morte, reforça a importância do escritor e jornalista na história da literatura e do jornalismo portugueses", lê-se no comunicado da BNP difundido nas redes sociais.
A BNP realça que a entrega do espólio à sua guarda "garante a preservação e valorização dos documentos e obras que compõem o legado de Fernando Assis Pacheco, permitindo que futuras gerações possam continuar a estudar e a reconhecer o valor da sua produção literária e jornalística".
Fernando Assis Pacheco estreou-se literariamente em 1963 com o livro de poesia "Cuidar dos Vivos". Licenciado em Filologia Românica, pela Universidade de Coimbra, cidade onde nasceu e residiu até 1961 quando iniciou o serviço militar obrigatório que o levou a Angola.
Foi redator da revista Vértice, que lhe permitiu o convívio com outros escritores, designadamente Joaquim Namorado (1914-1986) e Manuel Alegre e também com o jornalista José Carlos Vasconcelos, um dos fundadores do extinto semanário O Jornal.
Como jornalista fez parte das redações dos jornais Diário de Lisboa, A República, Jornal de Letras Artes & Ideias, Musicalíssimo, Se7e e de O Jornal, cuja redação chefiou.
Dos seus títulos publicados cite-se, entre outros, "Câu Kiên: Um Resumo" (1972), livro de poesia republicado em 1976 com o título "Catalabanza, Quilolo e Volta", a novela "Walt" (1978), "Memórias do Contencioso e Outros Poemas" (1989), o romance "Trabalhos e Paixões de Benito Prada" (1993).
Depois da sua morte saíram os livros "Retratos Falados" (2001), uma coletânea de entrevistas, o livro de poesia "Respiração Assistida" (2003), o livro de crónicas "Memórias de um Craque" (2005), o primeiro volume da sua obra completa "Bronco Angel, o Cow-boy Analfabeto" (2015) e "Tenho Cinco Minutos Para Contar Uma História póstumo" (2017).
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