Entregou-se militar que se barricou no posto da GNR de Felgueiras
- 31/12/2025
O militar da Guarda Nacional Republicana (GNR) que se barricou, na tarde de terça-feira, no posto de Felgueiras, entregou-se na manhã desta quarta-feira, 16h depois de se ter trancado numa sala, com uma arma pessoal.
Sérgio Ribeiro, que foi condenado a 13 anos de prisão efetiva por burlas a idosos, exigia que o mandado de detenção fosse suspenso.
Fonte oficial da GNR confirmou ao Notícias ao Minuto que o militar entregou-se por volta das 7h40 e está agora sob custódia desta força de segurança.
Sérgio Ribeiro será agora conduzido ao Estabelecimento Prisional Militar de Tomar, que serve para o cumprimento de penas de prisão aplicadas a militares das Forças Armadas e da GNR.
Já aos jornalistas presentes no local, o capitão Mendes dos Santos, oficial de Relações Públicas da GNR, revelou que o militar "está bem, em qualquer mazela" e acabou por se entregar "através da negociação".
"Os nossos negociadores conseguiram chegar a bom porto", disse o responsável.
Apesar de terem sido 16 longas horas "sempre em conversação", para Mendes dos Santos, a situação terminou "com um bom desfecho".
16 horas de negociação
Tudo terá começado por volta das 15h de terça-feira. Sérgio Ribeiro entrava ao serviço, no posto da GNR de Felgueiras, quando soube que ia ser alvo de um mandado de detenção para cumprir a pena de 13 anos de prisão efetiva a que foi condenado.
Inconformado, barricou-se numa sala, apenas com o telemóvel e uma arma pessoal, que o advogado, Paulo Gomes, explicou, entretanto, estar devidamente legalizada.
Com esta arma, o militar ameaçou matar-se, caso não visse o mandado de detenção suspenso. Em nenhum momento terá ameaçado outras pessoas.
A certa altura, terá pedido, segundo o Correio da Manhã, para ver a filha, de 4 anos. Mas acabou por desistir dessa ideia, pendido apenas uma resposta ao requerimento interposto pelo advogado, para suspender a execução dos mandados de detenção.
No local estiveram vários negociadores da GNR e o COE (Companhia de Operações Especiais), assim como outros elementos desta força de segurança e uma ambulância dos bombeiros de Felgueiras.
Pelas 23h de ontem o advogado foi chamado ao local, pelo chefe da equipa de negociadores, uma vez que era da "confiança" de Sérgio Ribeiro.
Paulo Gomes entrou nas instalações da GNR de Felgueiras e, por telefone, tentou dissuadir o cliente de se suicidar e convencê-lo a entregar-se às autoridades.
"Consegui falar com o Sérgio, várias vezes disse que se ia entregar, mostrou essa vontade. Depois recuou dessa vontade", revelou, pelas 3h, quando abandonou o posto.
Entretanto, os contactos começaram a ficar mais difíceis, o telemóvel de Sérgio Ribeiro ficou sem bateria e a situação est situação permaneceu num impasse durante várias horas.
Advogado considera que "decisão não transitou em julgado"
Ainda segundo o advogado, o militar condenado a 13 anos de prisão por burlas a idosos "não concorda com a emissão do mandato de detenção porque considera que a decisão ainda não transitou em julgado e ainda mais nesta época".
"No dia 16 de dezembro, quando vimos a promoção do Ministério Público, apresentamos um requerimento no sentido de dizer que os mandados não podiam ser emitidos porque existem recursos pendentes de coarguidos. Do nosso ponto de vista, esses recursos podem aproveitar à defesa de qualquer um dos arguidos, designadamente do Sérgio, por isso, consideramos que a decisão não transitou em julgado", explicou Paulo Gomes, acrescentando que não chegar a ter "qualquer tipo de resposta".
Além disso, para o advogado, há também aqui "uma questão humana". "Não havia necessidade desses mandados serem cumpridos entre o Natal e o Ano Novo. Não seria por mais um dia ou dois, até porque este processo não tem carácter de urgência porque não tem arguidos presos", lamentou.
Burlas a idosos (de 400 mil euros) davam a família vida de luxo
Sérgio Ribeiro, natural de Mondim de Basto, foi condenado a 13 anos de prisão por ter cometido diversas burlas a idosos no valor de mais de 400 mil euros.
A mulher de Sérgio, Soraia Ribeiro, que é auditora de justiça e seria futura juíza, também foi condenada mas a uma pena suspensa de quatro anos e meio, por branqueamento de capitais.
Os pais do GNR também foram condenados a pena suspensa.
De acordo com a imprensa nacional, toda a família ostentava uma vida de luxo nas redes sociais.
Ao casal, que partilhava nas redes sociais fotos das suas viagens de sonho, chegaram a ser apreendidos dois BMW topo de gama, dezenas de peças de vestuário e acessórios de luxo no apartamento duplex onde viviam na cidade de Fafe.
A sentença que condenou Sérgio Ribeiro a 13 anos de prisão foi proferida pelo Tribunal de Guimarães em 2022 e confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça em março de 2025.
O arguido chegou a estar e prisão preventiva e a ser suspenso da GNR, mas estava atualmente colocado no posto de Felgueiras.
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