Enganador? Tesla poderá ter de mudar nome Autopilot para evitar suspensão
- 18/12/2025
A Tesla não poderá continuar a anunciar o sistema Autopilot com esta designação ou com a insinuação de uma autonomia total - pelo menos na Califórnia, sob pena de deixar de poder vender naquele estado americano.
Este é um sistema avançado de assistência ao condutor (ADAS), cuja designação pode ser enganadora para o cliente - uma vez que não há capacidades de automação total dos automóveis, exigindo sempre intervenção humana. O mesmo acontece com a designação Full Self-Driving (FSD).
Em comunicado, o Departamento de Veículos Motorizados (DMV) da Califórnia sublinhou que desde 2021 que a Tesla anuncia o Autopilot e que "o sistema está concebido para ser capaz de realizar viagens de curta e longa distância sem ação requerida pela pessoa no banco do condutor".
Isto enquanto, notou a entidade reguladora, neste momento os veículos não podem dispensar de facto um condutor humano e operar de forma totalmente autónoma. Assim, denunciou o caso em novembro de 2023, o que levou a Tesla a alterar o anúncio de capacidades de 'Full Self-Driving Capability' ('Capacidade de Condução Totalmente Autónoma') para 'Full Self-Driving (Supervised)' ('Condução Totalmente Autónoma (Supervisionada)').
Em julho passado, existiu uma audição no Departamento de Audiências Administrativas da Califórnia, com a juíza administrativa Juliet E. Cox a propor uma decisão no dia 20 de novembro: a suspensão das licenças de fabrico e de vendas da Tesla durante 30 dias.
No texto judicial, pode ler-se: "O nome Autopilot comunica funcionalidades Nível 4 SAE ou Nível 5 SAE que, na verdade, o Autopilot não inclui" - algo que a magistrada entende ir contra os regulamentos californianos. Já sobre a nomenclatura Full Self-Driving Capability, a conclusão é ade que o termo remete para um carro autónomo, mas nenhum dos modelos da Tesla tinha estas capacidades quando eram vendidos com essa designação (2021 a 2024).
E mais diz o documento: "Os assuntos sumarizados estabelecem que um cliente razoável provavelmente iria acreditar que um veículo com 'Full Self-Driving Capability' pode viajar em segurança sem uma atenção constante e não dividida do condutor humano. Esta crença é errada, quer do ponto de vista tecnológico, quer do ponto de vista legal, o que torna a designação 'Full Self-Driving Capability' enganadora".
Tesla tem tempo para agir
Apesar de o DMV acatar as conclusões judiciais, atenua as penalizações para já, ao pôr um travão permanente à suspensão da licença de fabrico. Para além disso, deu 60 dias à Tesla para alterar o uso do termo Autopilot. Caso contrário, as vendas ficarão suspensas por 30 dias.
Steve Gordon, diretor do DMV, não deixou claro qual a linha de ação necessária - que poderá passar por uma nova designação para os ADAS ou algo mais: "A Tesla pode adotar medidas simples para parar esta decisão e resolver permanentemente este problema", disse.
De acordo com a Reuters, o construtor poderá fazer prova de que os carros com o sistema podem mesmo circular sem intervenção de um ser humano. Ou, então, apelar ou requerer uma revisão ao tribunal até 14 de fevereiro.
Tesla desvaloriza problema
Em comunicado publicado nas redes sociais, o fabricante liderado por Elon Musk desvalorizou a possibilidade de a designação Autopilot enganar os compradores: "Esta foi uma ordem de proteção do consumidor sobre o uso do termo Autopilot num caso em que nem um único cliente se chegou à frente para dizer que há um problema. As vendas na Califórnia continuarão sem interrupções".
Certo é que já não é a primeira vez que a empresa é acusada de enganar os clientes com as capacidades de condução autónoma dos seus carros. No último verão, por exemplo, foi acusada pelo governo francês de o fazer.
[Notícia atualizada às 09h48]














