Egito reduz meganegócio de gás com Israel a interesse "puramente comercial"
- 18/12/2025
"O acordo em causa é uma transação puramente comercial, concluída exclusivamente com base em considerações económicas e de investimento, e não implica qualquer dimensão ou entendimento político", afirmou em comunicado Diaa Rashwan, chefe do Serviço de Informação do Estado (SIS) e porta-voz do Governo egípcio.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou na quarta-feira o seu aval à assinatura de um contrato de exportação de gás natural de 35 mil milhões de dólares (30 mil milhões de euros) com o Egito.
O ministro da Energia israelita, Eli Cohen, comentou que "este é o maior acordo de exportação da história do Estado de Israel", esperando um reforço significativo da posição do seu país como "potência energética regional".
O acordo foi assinado em agosto para dar continuidade à venda de gás ao Egito até 2040 e causou grande impacto entre a população egípcia e no mundo árabe, sobretudo depois de as autoridades do Cairo terem criticado duramente os "dois pesos e duas medidas" usados pelos países ocidentais na condenação da guerra na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que vendiam armas a Telavive.
Segundo Diaa Rashwan, o acordo energético responde a "um claro interesse estratégico do Egito em reforçar a sua posição como único centro regional para o comércio de gás no Mediterrâneo Oriental", rejeitando "qualquer interpretação ou exploração política", bem como qualquer "intervenção governamental direta".
O negócio abrange a venda de 130 mil milhões de metros cúbicos de gás natural em duas fases.
A primeira fase, que terá início no primeiro semestre de 2026, prevê a venda de 20 mil milhões de metros cúbicos de gás natural, após a conclusão de um terceiro gasoduto e a entrada em funcionamento da nova linha de transmissão entre as costas de Ashdod e Ashkelon, no sul de Israel.
A segunda fase envolve a venda de 110 mil milhões de metros cúbicos de gás natural e terá início assim que o projeto de expansão do campo de Leviatã, operado pelo grupo israelita NewMed e pela gigante energética norte-americana Chevron, estiver concluído.
Em resposta à vaga de críticas, o porta-voz do Governo egípcio destacou que a posição do Egito sobre a causa palestiniana "é firme e inabalável", baseada no "apoio aos direitos legítimos do povo palestiniano, na rejeição da deslocação forçada e na adesão à solução de dois Estados".
O Egito, juntamente com os Estados Unidos e o Qatar, é um dos três principais mediadores internacionais do conflito na Faixa de Gaza.
Em concreto, tem servido de intermediário entre as posições de Israel, país com o qual tem laços diplomáticos e comerciais discretos há décadas, e o grupo islamita palestiniano Hamas.
As partes chegaram a um acordo de cessar-fogo, que está em vigor no enclave palestiniano desde 10 de outubro, mas ainda não avançaram para as etapas seguintes do plano de paz proposto pelos Estados Unidos.
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