"Difamou religião". Senadora australiana suspensa após usar burca
- 25/11/2025
A senadora australiana que usou burca no parlamento, como forma de protesto contra a veste muçulmana em espaços públicos, na segunda-feira, foi suspensa dos trabalhos durante o resto do ano, esta terça-feira.
A líder do partido de extrema-direita One Nation, Pauline Hanson, provocou indignação junto dos restantes parlamentares, depois de ter envergado uma burca por aquele órgão político se ter recusado a avaliar a sua proposta de proibição desta e de outras vestes que cubram a face em locais públicos.
A mulher de 71 anos foi suspensa durante o resto do dia e, como não apresentou um pedido de desculpas, os parlamentares aprovaram uma moção de censura que impôs um dos castigos mais severos nos últimos anos. Isto porque, conforme noticiou a Associated Press, Hanson foi impedida de participar em sete dias consecutivos de plenários do senado. Tendo em conta que os trabalhos deste ano encerram na quinta-feira, a suspensão aplicar-se-á quando o parlamento regressar da pausa, em fevereiro de 2026.
A moção foi movida pela líder do governo no senado, Penny Wong, que considerou que Hanson “ridicularizou e difamou toda uma religião” praticada por quase um milhão de australianos.
“A ostentação odiosa e superficial da senadora Hanson destrói o nosso tecido social e acredito que enfraquece a Austrália, além de ter consequências cruéis para muitos dos mais vulneráveis, inclusive nos recreios das nossas escolas”, disse.
Por seu turno, a senadora Mehreen Faruqi, nascida no Paquistão, recordou que, quando Hanson fez um protesto semelhante, em 2017, não havia muçulmanos no senado. Além de Faruqi, Fatima Payman, do Afeganistão, também integra atualmente aquele órgão.
“Que isto seja o início de uma verdadeira luta contra o racismo estrutural e sistémico que permeia este país”, apontou Faruqi.
Já Payman, que usa um hijab, condenou Hanson pelo uso da burca, numa ação que descreveu como “vergonhosa”.
Apesar de tudo, Hanson disse aos jornalistas que seria julgada pelos eleitores, em 2028, e não pelos seus colegas.
“Não queriam proibir a burca, mas negaram-me o direito de a usar no plenário do parlamento. Não há código de vestuário no plenário, mas não me é permitido usá-la. Por isso, para mim, foi hipócrita”, denunciou.
Saliente-se que Hanson é conhecida pelas suas opiniões anti-imigração desde o seu primeiro discurso no parlamento, em 1996, no qual disse que a Austrália corria o risco de ser “inundada por asiáticos” devido à sua política de imigração.
Leia Também: Senadora australiana usa burca no parlamento e causa revolta: "Racismo"















