DGS gera polémica por partilha sobre Dia da Sida. "Estereótipos raciais"
- 02/12/2025
A Direção-Geral da Saúde (DGS) assinalou o Dia Internacional da Luta Contra a Sida com uma imagem que está a gerar muita polémica nas redes sociais. Tanta, que a publicação, feita no domingo, 30 de novembro, acabou mesmo por ser apagada.
A partilha, que continua a circular nas redes sociais em forma de protesto - e que pode ver acima -, alertava para o facto de a Sida ainda não ter acabado. No entanto, a imagem em causa só incluía fotografias de pessoas negras, o que levantou uma onda de consternação nas redes sociais, com vários utilizadores a se queixarem da campanha e a descreverem-na como "miserável".
A deputada socialista Eva Cruzeiro foi das primeiras pessoas a reagir. A parlamentar considerou a publicação "profundamente problemática", realçando que este tipo de comunicação "reforça estereótipos raciais perigosos".
"É profundamente problemático que uma campanha oficial do Estado português para o Dia Mundial da SIDA utilize exclusivamente imagens de pessoas negras para ilustrar a mensagem 'A SIDA não acabou'. Este tipo de comunicação não é neutro. Reforça estereótipos raciais perigosos, associa uma doença a um grupo específico e ignora por completo o contexto epidemiológico real em Portugal. Num país onde pessoas negras continuam a enfrentar discriminação no acesso à saúde, na habitação, no emprego e na própria representação mediática, campanhas públicas não podem perpetuar narrativas estigmatizantes. O Estado tem o dever acrescido de comunicar com responsabilidade, sensibilidade e rigor. A luta contra o VIH/SIDA não se faz à custa da estigmatização de comunidades que já carregam múltiplas vulnerabilidades. Faz-se com informação rigorosa, prevenção, investimento na saúde pública e campanhas inclusivas que representem toda a sociedade portuguesa e não apenas alguns corpos. Portugal merece comunicação de saúde pública que não reproduza preconceitos, mas que os combata", escreveu Eva Cruzeiro na rede social X.
É profundamente problemático que uma campanha oficial do Estado português para o Dia Mundial da SIDA utilize exclusivamente imagens de pessoas negras para ilustrar a mensagem “A SIDA não acabou”. Este tipo de comunicação não é neutro. Reforça estereótipos raciais perigosos,… pic.twitter.com/PKbO0NT2FB
— Eva Cruzeiro (@EvaCruzeiro) December 1, 2025
Quem também já falou sobre o assunto foi Isabel Moreira, também do PS. "O Governo interiorizou o vírus do racismo. Apagou este horror, entretanto. Podia pedir desculpa. Mas as culpas são demasiadas. A Ministra da Saúde não vai dizer nada", atirou a parlamentar socialista também nas redes sociais.
O governo interiorizou o vírus do racismo. Apagou este horror, entretanto. Podia pedir desculpa. Mas as culpas são demasiadas. A Ministra da Saúde não vai dizer nada. #racismo pic.twitter.com/d0XeVwSVur
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) December 1, 2025
Entretanto, a DGS reagiu e rejeitou qualquer tipo de discriminação, garantindo que se limitou a partilhar uma imagem oficial da ONU. No entanto, a publicação acabou por ser apagada.
DGS rejeita "discriminação" após publicação de imagem da ONUSIDA
A Direção-Geral da Saúde (DGS) rejeitou hoje qualquer "discriminação seja por que motivo for", depois de comentários de desagrado, alegando que se limitou a publicar uma imagem da ONUSIDA sobre o Dia Internacional da Luta Contra a Sida.
Lusa | 17:15 - 01/12/2025A DGS optou por substituir a sua publicação pela versão original em inglês da ONUSIDA ("Aids is not over"), ilustrada com a mesma imagem, como se pode ver abaixo:
️Over 40M people are living with HIV globally
— UNAIDS Global (@UNAIDS) November 30, 2025
️10M people are waiting for HIV treatment
️1.3M people acquired HIV in 2024
This can and must change!
Leaders must reaffirm their commitment to end AIDS and support countries & communities through this challenging time.
Em comunicado, a autoridade de saúde explicou que a imagem faz parte de uma campanha global que pretende alertar para o facto de a sida “ainda não ter acabado” e que há ainda “um caminho a percorrer, em todo o mundo, para mitigar os riscos”.
A DGS sublinhou ainda que a mesma imagem foi partilhada com parceiros comunitários e divulgada por várias entidades, estando alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que visam acabar com a Sida até 2030.
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