Dez dias para ler processo? "Se juíza acha que pode fazer o que quer..."
- 26/11/2025
O antigo primeiro-ministro José Sócrates garante que a juíza "não pode fazer o que quer", após esta ter recusado o pedido do seu novo advogado, que pediu cinco meses e meio para analisar o processo Marquês, tendo-lhe dado apenas 10 dias para o fazer.
"Eu não tenho nenhum antagonismo com a senhora juíza, eu procuro defender a minha dignidade e não admito à senhora juíza nenhum autoritarismo para comigo, como ela não admite para com ela. E julgo que temos construído o necessário ambiente para que isso possa prosseguir. Agora, eu vou defender os meus direitos quer a senhora juíza queira, quer a senhora juíza não queira", começou por explicar numa entrevista à CNN Portugal.
E acrescentou: "O meu direto à defesa exige que tenha um advogado e um advogado que tenha condições para dominar o processo, para estudar o processo e para definir uma estrutura de defesa. Se a senhora juíza acha que pode fazer o que quer, está enganada", avisou, sugerindo que poderá vir a recorreu para o tribunal europeu.
"A senhora juíza quer transformar isto numa caricatura. Pretende desprezar os direitos da defesa e desconsiderá-los. [Mas] a senhora juíza encontrará pela frente quem luta pelos seus direitos e pelas garantias de defesa", insistiu ainda José Sócrates.
O antigo governante sublinhou que o processo "tem 90 mil folhas" e que este seu novo advogado "chegou agora". "A ideia que a senhora juíza tem, de que o meu advogado não tem o direito a inteirar-se do processo antes de começar a defesa, é uma ideia que não se coaduna com os princípios constitucionais", atira.
"Isto promete tornar-se numa batalha que a senhora juíza tinha todas as condições para evitar", disse ainda.
Sobre a renúncia do advogado anterior, Pedro Delille, Sócrates garantiu que a "juíza provocou-o e levou-o a esta situação".
"A senhora juíza pretende convencer os portugueses que fui eu que estive na origem da renúncia do meu advogado, [que] combinámos, houve ali alguma estratégia. Repare: o doutor Pedro Delille tem um conhecimento do processo absolutamente inigualável, o dr. Pedro Delille era absolutamente essencial à minha defesa, ninguém como ele conhece o processo e a senhora juíza levou a que tivesse de renunciar", sustentou na mesma entrevista.
"Pedro Delille foi mais do que meu advogado, foi meu companheiro durante 11 anos", sublinhou. "Um quarto da minha vida adulta, levo-a enfrentando este processo e sempre portando-me como um homem livre, porque se me querem humilhar, estão enganados."
Já quanto à escolha do novo advogado, José Sócrates contou que chegou a José Preto precisamente por indicação de Pedro Delille. Além disso, agradou-lhe "sobretudo o seu currículo" e saber também "que os filhos dele tinham sido colegas" dos seus filhos.
O tribunal que está a julgar o processo Operação Marquês deu hoje 10 dias ao novo advogado do antigo primeiro-ministro José Sócrates para conhecer o caso, tendo agendado para 6 de janeiro a próxima sessão do julgamento.
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