Detenções de cerca de 400 crianças imigrantes nos EUA ultrapassam limite
- 10/12/2025
Os advogados dos detidos destacaram as próprias declarações do governo sobre os tempos de prisão mais longos para crianças imigrantes, alimentos contaminados, falta de acesso a cuidados médicos ou de representação legal adequada relatada por familiares e monitorizadores em instalações federais, bem como uma renovada dependência de hotéis para detenção de imigrantes.
Os relatórios dos advogados foram apresentados na tarde na segunda-feira num processo civil iniciado em 1985, que levou à criação, em 1997, da supervisão judicial dos padrões e que terá estabelecido um limite de 20 dias de prisão. A administração Trump está a tentar terminar o acordo.
Um relatório de 01 de dezembro do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA indicou que cerca de 400 crianças imigrantes estiveram detidas por mais de 20 dias entre agosto e setembro.
O tribunal disse que o problema era generalizado e não específico de uma região ou instalação. Os principais fatores que adiaram a libertação foram categorizados em três grupos: atrasos no transporte, necessidades médicas e processamento legal.
Os advogados das crianças argumentaram que essas razões não provam justificação legal para os atrasos na sua libertação. Através de entrevistas com famílias detidas, os defensores identificaram cinco crianças que estiveram presas por 168 dias. O relatório não dá, no entento, dados sobre a idade dessas crianças.
Até agora o ICE não respondeu a um pedido de comentário solicitado hoje pela agência de notícias Associated Press.
O uso de hotéis para detenção temporária é permitido pelo tribunal federal por até 72 horas, mas os advogados questionaram os dados do governo, que acreditam não explicarem completamente por que é que as crianças foram mantidas por mais de três dias em quartos de hotel.
As condições nas instalações de detenção continuaram a ser uma preocupação constante desde que o centro de detenção familiar em Dilley, Texas, reabriu este ano.
Os defensores documentaram lesões sofridas por crianças e a falta de acesso a cuidados médicos adequados. Uma criança a sangrar devido a uma lesão ocular não foi vista pela equipa médica durante dois dias. O pé de outra criança partiu-se quando um membro da equipa deixou cair um poste de rede de voleibol, segundo o documento judicial.
"A equipa médica disse a uma família cujo filho teve intoxicação alimentar para só regressar se a criança vomitasse oito vezes", escreveram os defensores na resposta.
"As crianças têm diarreia, azia, dores de estômago, e dão-lhes comida que literalmente tem vermes", escreveu uma pessoa com uma família alojada na unidade em Dilley numa declaração apresentada ao tribunal. Outro escreveu que lhes deram "brócolos e couve-flor que estavam com mofo e tinham vermes."
A Juíza Distrital Chefe dos EUA, Dolly Gee, do Distrito Central da Califórnia, tem uma audiência agendada sobre os relatórios na próxima semana, onde poderá decidir se o tribunal precisa de intervir.
EUA impedem naturalização de imigrantes devido aos países de origem
Agentes federais norte-americanos impediram em Boston uma cerimónia de naturalização de imigrantes por estes serem originários de países afetados pela recente suspensão seletiva de pedidos de imigração do Governo dos EUA, noticiou a comunicação social local.
Lusa | 19:36 - 07/12/2025
