Dente revela que réptil marinho extinto também podia viver em água doce
- 13/12/2025
O dente em questão foi descoberto em 2022 na Formação Hell Creek, no Dakota do Norte (EUA), numa zona ribeirinha que outrora esteve ligada a um antigo mar conhecido como mar Interior Ocidental.
Este pertence a um mosassauro Prognathodontini, um grupo de répteis extintos, semelhantes a lagartos, que podiam atingir os 12 metros de comprimento, com base nas semelhanças entre os padrões texturados da sua superfície e os dentes de outros membros deste grupo.
Um estudo publicado na BMC Zoology e liderado pela Universidade de Uppsala (Suécia) mostra que os mosassauros se adaptaram a ambientes fluviais no último milhão de anos antes da sua extinção, noticiou na sexta-feira a agência Efe.
O dente foi descoberto num depósito fluvial, juntamente com um dente de Tyrannosaurus rex e uma mandíbula de crocodilo, numa zona conhecida pelos restos mortais do dinossauro bico-de-pato Edmontosaurus.
Isto levou os investigadores a questionarem-se como é que um dente de mosassauro foi parar a um rio, dado que se acreditava que este réptil vivia no mar.
O dente não apresentava sinais de transporte, sugerindo que viveu e morreu em Hell Creek, uma região onde não foi encontrado nenhum dente de mosassauro do mesmo período.
Os autores analisaram os isótopos no esmalte do dente para deduzir as condições em que este viveu e encontraram assinaturas isotópicas de oxigénio e estrôncio associadas a ambientes de água doce.
A equipa acredita que isto pode ocorrer porque o mosassauro se alimentava de animais de água doce, indicando que era capaz de viver e caçar longe do mar.
Análises adicionais de dentes de mosassauros mais antigos e de outros animais do mar Interior Ocidental revelaram concentrações isotópicas mais consistentes com um habitat de água doce do que com um de água salgada.
Os autores propõem que Prognathodontini podem ter sido predadores oportunistas adaptados a um ambiente de água doce.
Esta descoberta lança luz sobre um capítulo da história da Terra: o influxo de água doce no mar Interior Ocidental, um mar interior que outrora dividia a América do Norte de norte a sul, aumentou ao longo do tempo e transformou gradualmente a água salgada em água salobra e, posteriormente, em água doce.
Os autores acreditam que isto levou à formação de uma haloclina, na qual uma camada de água doce se sobrepunha à camada mais densa de água salgada --- uma teoria corroborada pelas análises isotópicas.
A análise de diversos fósseis marinhos revelou uma diferença fundamental, que os animais que respiravam através de brânquias apresentavam assinaturas isotópicas que os ligavam à água salobra ou salgada, enquanto os que respiravam através de pulmões não apresentavam tais assinaturas.
Isto demonstra que os mosassauros, que precisavam de vir à superfície para respirar, habitavam a camada superior de água doce, e não a camada inferior, mais salina, explicou Per Ahlberg, coautor do estudo, citado pela Universidade de Uppsala.
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