Damasco considera levantamento de sanções dos EUA "avanço importante"
- 19/12/2025
"A Síria expressa o seu agradecimento e reconhecimento aos Estados Unidos e a sua gratidão aos países irmãos e amigos que contribuíram, através das suas posições e esforços diplomáticos, para apoiar os esforços destinados a pôr fim a estas sanções, com base no seu compromisso com a estabilidade regional e o respeito pela soberania e unidade da Síria", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio num comunicado.
A diplomacia síria afirmou ainda que este passo "constitui um ponto de partida" para a reconstrução e o desenvolvimento do país, ao mesmo tempo que exortou todos os sírios, tanto no país como na diáspora, a "contribuir para os esforços de recuperação nacional".
A decisão "contribui para aliviar os encargos do povo sírio e abre caminho para uma nova fase de recuperação e estabilidade", acrescentaram as autoridades de Damasco no mesmo comunicado.
Também as autoridades sauditas e qataris elogiaram a decisão tomada pelo Congresso dos Estados Unidos de levantar, de forma permanente, as sanções que tinham sido impostas ao regime sírio do ex-presidente Bashar al-Assad, o que representa a reabertura dos mercados internacionais à república árabe.
"O Reino da Arábia Saudita acolhe com satisfação a decisão dos Estados Unidos de levantar as sanções impostas à República Árabe Síria, ao abrigo da Lei César, e sublinha que esta medida apoiará a estabilidade, a prosperidade e o desenvolvimento na Síria, de uma forma que satisfaça as aspirações do irmão povo sírio", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita através de um comunicado publicado na rede social X.
O levantamento das sanções à Síria está inscrito na chamada Lei de Autorização de Defesa Nacional aprovada por ambas as câmaras do Congresso dos Estados Unidos, um texto que reúne as despesas com a Defesa para o ano fiscal de 2026 e que, entre as suas 3.000 páginas, inclui a anulação da Lei César para a Síria, a base legal de um pacote de sanções destinadas a isolar o antigo regime de Assad pela alegada prática de crimes de guerra e contra a humanidade.
O Qatar também considerou a decisão como um "passo importante para apoiar a estabilidade e a prosperidade na Síria" e afirmou confiar de que irá contribuir "para abrir novos horizontes para a cooperação e as alianças com vários países, pavimentar o caminho para o retorno dos investimentos e facilitar o fluxo de ajuda internacional".
A Jordânia também se pronunciou em termos praticamente idênticos sobre o levantamento das sanções.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros jordano, Fuad al-Majali, aproveitou para transmitir diretamente o seu agradecimento "ao Presidente norte-americano, Donald Trump, e à sua decisão de levantar as sanções".
Num comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Petra, Al-Majali reafirmou que a Jordânia "apoiará a reconstrução da Síria com base em princípios que garantam a sua unidade, soberania, segurança e estabilidade, salvaguardem a integridade do seu território e dos seus cidadãos e preservem os direitos de todos os sírios".
O regresso do investimento estrangeiro à Síria é crucial para a reconstrução do país, de acordo com estimativas do Banco Mundial, que calcula em cerca de 200 mil milhões de euros o montante mínimo necessário para restaurar as infraestruturas básicas do país, após cerca de 14 anos de guerra.
O regime sírio caiu em dezembro de 2024 após uma operação relâmpago de uma coligação rebelde liderada pelo grupo de inspiração jihadista Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS).
O golpe terminou com mais de cinco décadas de domínio com mão de ferro da dinastia Assad e quase 14 anos de guerra civil, que provocaram centenas de milhares de mortos e desaparecidos nas prisões políticas de um país que ficou devastado.
O antigo líder do HTS, Ahmad al-Sharaa, é o atual Presidente de transição, que, apesar do seu passado radical islâmico, tem dirigido uma mensagem interna de reconciliação das minorias sírias e um processo de aproximação à comunidade internacional, o que não impediu graves episódios de violência sectária ao longo do último ano.
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